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Waves Butch Vig vocals

Waves Butch Vig vocals

Artigo publicado na Revista Áudio, Música & Tecnologia. Para conhecer mais sobre a revista, clique aqui.

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O plug-in 5 em 1 modelado para voz, mas útil para muito mais

A parceria da Waves com o lendário produtor Butch Vig já tem alguns anos, e novamente fizeram um excelente trabalho, que simplifica a vida para quem esta começando, mas também não deve ser menosprezado pelos profissionais.

Neste artigo, vamos dar uma olhada no Butch Vig Vocals.

Estrutura do sinal do plug-in

Como mencionado no subtítulo, não se trata de um processador único. É um multiprocessador, com parâmetros pré estabelecidos e direcionados para voz.

Seu fluxo de sinal é bem interessante (fig. 1), porém não muito intuitivo olhando pela interface. Vamos primeiro conhecer o fluxo, para depois pensar em como utilizá-lo a nosso favor.

fig. 1 – Fluxo sinal Butch Vig Vocals

Após a regulagem do input, o sinal segue pelos filtros passa baixa e passa alta e além do parâmetro MID DIP (Fig. 2A), que é um filtro peaking, regulado com atenuação de –6.5dB.

fig. 2 – Principais componentes

Após estes cortes, o sinal segue para a área de processamento de dinâmica. Primeiro o de-esser, e em seguida o compressor (Fig. 2B).

Depois da compressão, o sinal volta para a seção de equalização, desta vez processados pelos controles low, presence e air (Fig. 2C).

O ciclo de processamentos em série termina por aqui, mas ainda há outros processamentos que acontecem em paralelo.

Entra em campo o setor de saturação (Fig. 2D), onde temos um controle que emula a saturação de válvula, e outro que emula a saturação de transistor (Solid state). Para limpar um pouco a saturação, também foram incorporados outros filtros passa baixa e passa alta.

Também em paralelo, encontramos o controle “focus” (Fig. 2E), que internamente trabalha como um compressor multibanda já pre regulado para comprimir e depois dar ganho em busca de ênfase. O usuário apenas escolhe se quer o processamento centralizado em torno de 1khz ou 2khz.

Organizando o pensamento para configurar

Quando você pega um processador comum para usar, existem centenas de maneiras de trabalhar, quais parâmetros escolher primeiro, quais deixar por último.

Mas se você vai partir para uma solução destas, desenvolvidas em torno da linha de pensamento específica, é legal saber mais sobre como ele foi projetado incialmente. A melhor parte disto, é que você acaba também aprendendo muito sobre mixagem, e os mesmos conceitos poderão ser aplicados em qualquer outra combinação de processadores.

Grande parte dos mixadores concordam que, é melhor começar fazendo cortes, retirando excessos ou áreas que não interessam.

E é por este motivo, que o no Butch Vig Vocals, temos os filtros atuando logo no primeiro estágio do sinal.

Na maioria das vozes, não há muita informação abaixo de 80Hz, e mesmo que tenha, nem sempre é necessário ou desejável manter. Então o primeiro parâmetro a ajustar é LoCUT passa alta. Quando voz começar a perder corpo, é hora de parar.

O mesmo conceito vale para o HiCUT, porém seja bem mais cuidadoso para não exagerar.

O controle MidDIP está fixo em –6.5dB, e pode ser usado em dois casos: primeiro, para amenizar os médio-graves, que em excesso, embolam e tiram definição. Geralmente estão situados em torno de 250 a 600Hz.

Uma segunda situação, para casos em que você esteja processando uma voz muito “anasalada”. É possível amenizar ajustando o MidDIP entre 700Hz e 1kHz.

Com o sinal devidamente filtrado, vá seguindo o fluxo de sinal.

O próximo processador é o De-esser, que cuida da sibilância. Só para esclarecer, a sibilância é uma característica comum de muitas pessoas, que tem o “S” ou o “Ch” muito pronunciado. É algo que excesso, pode se tornar irritante.

Importante: o De-esser do Butch Vig Vocals já está fixo para atuar em 6kHz, que nem sempre vai ser o ideal. Experimente a vontade, mas não descarte a possibilidade de usar um De-esser separado.

Após o De-Esser, é hora de partir para a compressão. Segundo o próprio Butch Vig, este compressor foi emulado com as características do TLA 100 e 1176, mas o que vale mesmo é entender os efeitos práticos.

Apesar do usuário acessar apenas um controle, na verdade vários parâmetros estão mudando ao mesmo tempo. Usando valores baixos, ele é bem sutil, como se o ratio tivesse ajustado em 2:1 ou similar.

A partir da metade, tudo fica mais intenso, tanto o Ratio quanto as características timbrísticas começam a ficar mais aparentes.

Para saber o quanto está comprimindo (Gain Reduction), é preciso configurar os medidores para a posição GR (fig. 3).

Fig. 3 – Meter ajustado para visualizar o Gain Reduction

Agora vamos partir para o ajuste final, que são os equalizadores. Vamos as informações técnicas: o controle Low, está ajustado em 250Hz, o Presence em 3kHz e o Air em 15kHz.

Estes três controles visam terminar de esculpir o “alicerce” do seu timbre. É muito comum, após a compressão, precisarmos de um novo equalizador, e estas três faixas de frequências são de fato, as que vão funcionam em 99% dos casos, tanto para cortar, quanto para dar ganho.

Por fim, vale mencionar o Led “sensitivity” (Fig. 4), para garantir que seu sinal esteja bem equilibrado para o melhor desempenho do plug-in.

fig. 4 – Medidor de entrada

O ideal é o LED permanecer a maior parte possível no amarelo. Use o controle “Input” para compensar caso o sinal esteja muito baixo ou muito alto.

Focus e Saturation – o toque final

Como visto no fluxo de sinal, O output é o encontro três sinais, e até agora vimos apenas o primeiro, que vem dos processadores em série, onde o último, é o equalizador.

Em paralelo, temos mais dois componentes.

A área de saturação é bem interessante, pois foi construída com duas opções. As nomenclaturas são sugestivas (Tube e Solid State), mas sinceramente, não gosto muito desta abordagem por conta da polêmica em torno da intepretação. Muita gente simplesmente associa “tube” com algo bom, e solid state como algo ruim e ai é que mora o perigo.

Eu acho que devemos carregar menos preconceito e imediatismo, portanto prefiro que se concentrem de acordo com a característica sonora e não com o componente.

Para um som mais “rasgado”, use o controle Tube. Para um som mais “ardido”, prefira o controle Solid State.

Ainda com relação a saturação, você vai reparar que em certas faixas de frequências, a saturação cai bem, mas em outros casos, fica extremamente exagerada ou desagradável. E é ai que entra o segundo par de filtros.

Por exemplo, é comum a saturação estar suave na área média, onde a voz tem mais destaque, porém estar exagerada nos na região médio-grave. Use então o controle LoCUT para filtrar os graves.

O inverso vai fatalmente acontecer ao saturar usando o controle Solid State. Quando eu chamei de “ardido”, é porque de fato ele pode ficar muito estridente nas frequências mais altas. Então o HiCUT é muito bem vindo em conjunto com a saturação Solid State.

O último, porém um dos recursos que eu mais gostei é o Focus. Podemos e encará-lo como um compressor que atua apenas na região média. Ele vem com duas pré-configurações, 1kHz ou 2kHz.

É nesta região que a voz tem maior inteligibilidade, ou seja, a voz chama mais atenção e o que está sendo dito se torna mais claro.

O Focus estabiliza a informação em uma das duas áreas e amplifica levemente. O resultado é extremamente útil, principalmente em músicas com arranjo muito denso ou em estilos como rock e pop, onde a voz não pode ficar muito alta, mas precisa de alguma maneira “atravessar” uma parede de guitarras.

Partindo para outras possibilidades

Não gosto de pensar que estou usando um “plug-in para voz”. Ele pode até ter sido “otimizado” para voz, mas não necessariamente ele só serve para voz.

Como sempre faço com todos os plug-ins deste estilo, testei também em outros instrumentos e como sempre, tive ótimas supresas!

Em especial com os controles de saturação e Focus, funcionam incrivelmente bem com guitarras, caixa, sintetizadores, hammond e rhodes. Recomendo a todos, fazerem seus próximos experimentos e tenho certeza que vão descobrir muitas outras utilidades para este plug-in.

Abraços e até a próxima!

cris3x4 blog proclass Cristiano Moura é instrutor certificado oficialmente pela Avid para lecionar cursos de nível 100, 200 e 300 em Pro Tools. Por meio da ProClass,  oferece consultoria, treinamentos customizados além de cursos oficiais em Pro Tools, Mixagem e Masterização.

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Scheps Parallel Particles

Scheps Parallel Particles

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Pense pouco e experimente muito

A Waves assumiu de vez esta abordagem, de poucos controles, menos termos técnicos e uso de nomes consagrados da indústria para ajudar a esculpir os processamentos de seus plug-ins.

Andrew Scheps (fig. 1) tem no seu currículo mixagens para artistas como Metallica, Adele, Red Hot Chili Peppers entre outros e ajudou a Waves a definir os parâmetros e ajustes. Ele menciona que é um plug-in pensado mais em “atitude e emoção” do que em parâmetros técnicos.

fig. 1 – andrew scheps

Descontando o marketing em torno desta afirmação, de fato, de todos os plug-ins da Waves que abordamos aqui, o Parallel Particles é o plug-in que menos informações técnicas foram entregues pelo fabricante.

É um plug-in que não “corrige” nem “salva” nada. A idéia é tentar somar, seja harmônicos ou distorção ao sinal, para trazer uma identidade em um instrumento que está sem vida.

Fiz alguns testes, então vamos mais a fundo para entender um pouco mais sobre o Scheps Parallel Particles.

Entendendo a estrutura dos processamentos

O Scheps Parallel Particles (fig. 2) é composto por 4 elementos. Vamos primeiro entender o Air e Sub. Para quem gosta de linguagem mais técnica, estes são harmonic exciters, ou seja, recriam artificialmente frequências e parciais que não estão originalmente no sinal. Ou seja, ajuda a enriquecer o timbre com harmônicos, tanto nas baixas frequências (sub) como nas altas frequências (air).

Fig. 2 – Scheps parallel particles

Para quem é mais “antigo” ou já teve oportunidade trabalhar em algum estúdio com hardwares, pode traçar um paralelo com o BBE Sonic Maximizer (fig. 3) ou o Aphex Aural Exciter (fig. 4).

fig. 3 – BBE Sonic Maximizer – segundo modelo

 

fig. 4 – Aphex Aural Exciter – primeiro modelo

Os outros dois elementos são o Bite e Thick. Cada um deles, pode ser encarado como um único controle que regula três processamentos: equalização, compressão e distorção. Sendo o Bite é mais agressivo na distorção nas média-altas enquanto o Thick limpa os médio-graves com equalização enquanto tenta destacar os graves.

Preparando o terreno para usar

Ok, e vamos usar este plug-in onde? Em um instrumento específico? Em um grupo? No master da mix?

Aqui vale sair um pouco do assunto central do artigo, e falar de mixagem, de uma maneira mais aberta.

Evite pensar ou procurar por um “equalizador bom para voz”, “compressor para violão” e assim por diante. Mixagem não funciona assim.

Você pode ter suas preferências sem nenhum problema, mas nenhum equalizador é exclusivamente “para voz”.

Voltando ao assunto, este plug-in também não é exclusivo para nada. Teste em tudo, pois lembre-se de que na essência, são apenas processadores comuns, já ligados e regulados de uma certa maneira. Você vai reparar que ele é útil para a maioria dos casos, alguns mais e alguns menos.

Antes de começar a rodar botões, é essencial ajustar o nível de ganho da entrada corretamente. Isto porque, como muitos processamentos envolvem compressão e distorção, e por consequência, envolvem parâmetros de threshold e ratio, se o sinal de entrada não estiver regulado, basicamente nada funciona da maneira que foi originalmente projetado.

Então deixe tocar um pouco o instrumento em questão, e ajuste o parâmetro “input” (Fig. 5B) até conseguir manter o LED “level” (Fig. 5A) entre o amarelo e laranja.

fig. 5 – Regulagem de input

Isso é tão importante e fundamental, que eu prefiro que vocês deixem “beslicar” o vermelho do que manter no verde.

Uma coisa interessante é o botão de link entre o input e output (Fig. 5C). Uma vez ligado, ele vai atenuando o output conforme você eleva o input.

Isso é ótimo para você fazer uma comparação com o Bypass de forma “justa”, mantendo o nível de sinal relativamente igual.

Ajustar o nível de ganho é de fato, a única coisa que você precisa fazer “direito”. O resto, é gosto. E você pode ficar livre para experimentar a vontade.

Se você prefere uma direção, eis minha sugestão: ajuste primeiro o Thick e Bite, que são processamentos de ajudam a compor o timbre.

Uma vez com o timbre definido, use o Air e Sub para trazer mais clareza nos agudos ou peso no graves.

Testes e impressões finais

Como mencionei acima, prefiro a idéia de usar o Bite e Thick como componentes para ajudar a esculpir o timbre, e o Air e Sub como acabamento.

Diferente de muitos outros plug-ins similares que testei da mesma empresa, em que fui bem surpreendido positivamente, o Parallel Particles não me trouxe a mesma experiência e interesse.

Acho que a falta mínima de controle me incomodou, principalmente no Bite e Thick.

É importante entender a diferença: na maioria dos plug-ins deste estilo, ao mexer em um botão, você está internamente, alterando diversos parâmetros como o Threshold, Ratio, saturação, frequência e ganho de uma única vez.

Por exemplo, em um certo plug-in, se você ajusta o controle para um valor baixo, internamente o Ratio do compressor fica em 3:1, mas se você exagerar, automaticamente, o ratio é alterado para 6:1.

Infelizmente, com Bite e Thick é diferente. Você não está regulando parâmetros nem do compressor, nem do equalizador nem de ninguém. O processamento é 100% fixo, e a única coisa que você está regulando é a quantidade deste processamento, a ser misturado com o seu sinal original. Ou seja, é um “Dry/Wet”.

Acho que isso limitou demais as possibilidades. Mesmo sem parâmetros técnicos, seria bom se ao menos houvesse umas 3 opções de cada controle, ou seja, um Thick 1, Thick 2 e Thick 3, com pequenas diferenças nos parâmetros entre eles.

Em elementos ricos em harmônicos, como caixa, piano, guitarra distorcida etc, acaba funcionando bem, mas em elementos com faixa de frequência mais limitada como um bumbo, virou uma questão de sorte mesmo.

Repare que no Sub, o Waves incorporou um parâmetro de frequência, que foi muito bem vindo. Serve para centralizar o ponto principal do efeito. Acho que seria bom ter isso pelo menos no Bite.

Com relação ao Air, fiquei bem satisfeito, e usaria tranquilo na maioria das minhas mixagens e até em masterizações, mas ele é bem sutil (do jeito que eu gosto). É importante lembrar que ele não é como um shelving de equalização, e sim, um gerador de harmônicos sintetizados. Ajuda a abrir o som e é muito fácil perder a mão, e reparar no dia seguinte que você exagerou e deixou tudo estridente demais. Talvez por isso, o Andrew Scheps optou por não deixar o processamento ser tão ativo.

Mas como falei, se para mim está ótimo, já outras pessoas, podem achar sutil demais, mesmo no máximo.

Eu até entendo a decisão deles de limitar um pouco a ação do controle “Air” e garantir que ninguém exagere, mas tenho minhas dúvidas se vai ser o suficiente para todos.

Abraços e até a próxima!

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Infected Mushroom Pusher

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Waves Signature Series chegam na música eletrônica

Já fizemos diversas resenhas e artigos sobre plug-ins da Waves feitos em parcerias com grandes produtores e engenheiros de som da música pop/rock como Eddie Krammer, Joseph Puig, Greg Wells, Tony Maserati entre outros.

A Waves parece estar gostando do resultado destas parcerias, e agora está entrando no mercado de música eletrônica também, lançando o Plug-in Infected Mushroom Pusher, feito em parceria com o duo Amit Duvdevani e Erez Eisen (fig. 1), que integram o projeto “Infected Mushroom”.

Fig. 1 – Infected Mushroom

Sem perder mais tempo, Vamos logo seguir em frente entender a principais características e os resultados de nossos testes.

O que é e o que faz o Infected Mushroom Pusher

Quase como uma frase “padrão” em todos seus últimos plug-ins, a Waves prefere dizer que o plug-in é útil “para tudo”, ou seja, instrumentos, subgrupos/submasters e para masterização, mas não costuma a dar muitos detalhes técnicos. Em especial neste plug-in, a Waves abusou um pouco demais da omissão e se limitam a falar que “é o molho secreto da mixagem” do Infected Mushroom.

Da minha percepção, ele é idealizado mesmo para masterização, com processadores já configurados para finalização. Em termos mais populares eu diria que ele é para levantar o sinal, reaver e puxar harmônicos e tentar abrir a imagem estéreo.

Os parâmetros e processadores

Começando com o PUSH, realiza o processo mais essencial e que ajuda a caracterizar este plug-in como algo voltado para masterização. Ele é um Limiter como o Waves L2 (fig. 2) ou Maxim da Avid, que eleva o sinal conforme o usuário vai regulando o Threshold.

fig. 2 – l2-ultramaximizer

O diferencial dele é ter dois modos de operação. O modo limit atua de forma mais suave quando o usuário começa a estrapolar os valores, já o clip, de fato acrescenta saturação.

O próximo setor é o Low, Body e High, que podem ser facilmente confundidos com equalizadores (onde o Body seria o médio-grave), mas nos testes vi que eles também modificam dinâmica, ou seja, são na realidade compressores/limitadores multibandas. Também vale uma atenção em especial ao Low, que ao invés de ser ajustado em Hz, é diretamente relacionado às notas musicais (fig. 3). Isso faz bem mais sentido para música eletrônica que explora bastante a harmonia modal e gira em torno de um baixo pedal na maioria das vezes.

fig. 3 – Low regulado para nota Ré 1

No meio, encontramos o setor “Magic”, que é o mais importante e merecia um nome melhor. Infelizmente fizeram questão de dar o nome mais aleatório possível, que ao invés de ajudar, só atrapalha.

O “Magic” tem um processamento similar ao que chamamos de “sonic enhancers” ou “sonic maximizers”, que adicionam harmônicos sintéticos ao sinal para enriquecer o timbre. É bem verdade que no passado, processadores como o Aphex Aural Exciter e o BBE 462 Sonic Maximizer (fig.4) fizeram história e exploraram bastante esse lado “místico” na hora de fazer marketing, mas eram outros tempos.

Fig. 4 – BBE Sonic Maximizer – modelo 482 – atualização do clássico modelo 462

Perto do botão “Magic”, o usuário vai encontrar pequenos controles chamados de “Dyn Punch” e “Focus”, que são transient designers. Infelizmente eles não tem a riqueza de informação visual e regulagem de um plug-in dedicado como o Sonnox Envolution (fig. 5), mas no final o som é que importa, e eles também funcionam muito bem.

Fig. 5 – Sonnox Envolution – Transient Designer

Por último, temos o Stereo Image, que serve para abrir e intensificar artificialmente a sensação do campo esterofônico.

Colocando em uso

Como mencionado acima, este plug-in é um o tipo do processador para dar acabamento, então os resultados são mais perceptíveis quando usados no master de uma mix completa, apesar de também ser viável usar em grupos de instrumentos.

A primeira coisa a fazer nestes plug-ins pré-configurados é ajustar o nível de entrada (input). É absolutamente essencial que o plug-in receba o sinal já otimizado, pois lembre-se, a maioria dos parâmetros são fixos e ajustados internamente, então sem o sinal correto, eles não interagem como foram projetados.

Já que estamos falando em otimizar o sinal, também vale a pena seguir em frente logo e ajustar Push, pois já levanta o sinal todo e você consegue se “organizar” melhor mentalmente para decidir o que quer fazer.

Agora entre a opção Clip e Limit é muito fácil decidir. Limit (que não satura inicialmente) é mais interessante. Caso queira saturar um pouco, tudo bem, mas é melhor pensar em colocar mais um plug-in da sua preferência na cadeia do sinal. A própria Waves tem dezenas de opções de plug-ins que saturam de forma mais interessante (fig. 6).

fig. 6 – Waves J37 tape

A partir deste ponto, não há exatamente uma maneira ou ordem correta de se regular os processadores, mas vamos dar algumas recomendações.

Organize seus ajustes em duas etapas. Uma etapa é ajustar timbre, outra ajustar a energia e ganho do sinal. Tanto faz a ordem que prefere fazer primeiro, mas evite misturar as etapas. É uma das rações que fazem tudo parecer mais confuso, mesmo para pessoas com mais experiência.

O Low, Body e High são os principais responsáveis pelo timbre, mas cuidado para não exagerar ainda. Pense apenas em equilíbrio neste momento.

Isso porque agora vem o complemento, que é o “Magic”. Ele serve para complementar de forma geral. “Abrir o som” e “engordar o som” seriam os termos populares que me vêm a mente para descrever o que o Magic faz.

A outra etapa que mencionei é a energia do sinal, e o Dyn Punch e Focus tem muito valor neste momento. Especialmente Dyn Punch, eleva os picos iniciais das ondas sonoras, e o impacto inicial de cada batida, cada peça se torna mais evidente. Novamente, você que decide os valores, mas este é um parâmetro que vale a pena exagerar no início, só para você sentir o que ele está fazendo com sua música.

Por último, fica o stereo image. É o mais “opcional” de todos, e vale a pena ter ciência de que a contrapartida de se abrir artificialmente o campo estereofônico é grande. Quanto mais aberto, menos nitidez sonora. E com isso, provavelmente muito da pressão que você estava tanto buscando, acaba sendo perdida.

De forma geral, não dá para dizer que é um plug-in ruim, mas dá para dizer tranquilamente que é fechado demais nas suas configurações. Por exemplo, não ter absoluta nenhuma opção de ajuste de frequência no High e Body é um pouco demais.

A Waves tem muitos outros plug-ins que seguem a mesma linha, mas são muito mais versáteis nas suas possibilidades de aplicação.

Abraços e até a próxima!

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