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Métodos de gravação com instrumentos virtuais
Se por um lado o Pro Tools é referência quando o assunto é produção de áudio, por outro, ainda sofre de muito preconceito quando o assunto é MIDI.
Logic Pro e Cubase costumam ser vistos como uma melhor solução para produção MIDI, mas independente da opinião de cada um, a verdade é que o Pro Tools já evoluiu muito, e tem a maioria das funções dos concorrentes.
Neste artigo, vamos ver alguns destes recursos e técnicas avançadas de gravação e produção MIDI dentro do Pro Tools.
Gravando sem pressa
Uma situação corriqueira é do usuário precisar gravar um trecho que exija muita habilidade como um solo por exemplo. Para gravar de forma mais confortável, é possível diminuir o andamento da sessão temporariamente para fazer a gravação. Quando concluir, basta voltar ao andamento “oficial”.
Para isso, existem várias opções. Talvez a mais prática e que vai funcionar na maioria dos casos é pelo menu Window > Transport.
Caso não esteja vendo os controles MIDI (fig. 1), basta acessar o menu View > Transport > MIDI controls.
Por último, basta desligar o botão chamado “Conductor” (fig.1A) (caso ainda não esteja) e digitar o BPM que quiser gravar. Depois de terminar a gravação, é só voltar ao andamento original.
Porém, se o usuário precisar gravar algo extremamente rápido (como um arpegio numa harpa), em semi fusa por exemplo, que nem abaixando o BPM você se sente confortável, podemos utilizar o recurso Step Input, encontrado no menu Event > Event Operations > Step Input (fig. 2).
Desta vez, a bem da verdade, não há gravação envolvida. “Step” significa “passo” em inglês, e se refere a fazer um registro passo a passo. Ou seja, é um registro nota-a-nota que será feito com o Pro Tools em stop. Podemos fazer uma analogia com uma partitura, onde o músico vai escrevendo as notas conforme quiser. Não há andamento nem execução envolvida.
O funcionamento é bem simples. Primeiro, marque a opção “Enable” para habilitar a função. Em seguida, na opção “destination track”, escolha qual pista você quer registrar as notas. O próximo passo é escolher a duração das notas na opção “step incremation” e comece a pressionar as notas do arpegio em um controlador MIDI.
Isso te dá todo o tempo do mundo para pensar, passo a passo, qual a próxima nota a ser escrita.
Mais abaixo, repare que existem configurações relativas ao velocity. “Use Step input velocity” permite que o Pro Tools registre a força de cada nota pressionada pelo usuário. Isso vai garantir um resultado mais natural. Já a opção “Set velocity to”, deve ser usada quando o usuário prefere algo preciso, sem oscilações de dinâmica.
Acrescentando performance aos poucos
Por último, vamos conhecer um recurso que permite o usuário ir gravando sua performance em etapas/camadas, porém registrando no mesmo clip. Novamente, é algo que não seria possível em áudio, pois o usuário teria que obrigatoriamente gravar cada execução em uma nova pista.
Isto pode ser útil em diversos casos. Por exemplo, para montar uma levada de bateria, o usuário pode primeiro gravar o Hi-Hat e numa segunda passada, gravar o bumbo e caixa.
Outra situação: se o usuário tem um controlador MIDI de poucas oitavas, e quer gravar cordas em oitavas distantes, dificilmente será possível gravar a mão esquerda e a mão direita ao mesmo tempo. Então, ele pode primeiro gravar as partes mais graves e numa segunda passada, gravar as partes mais agudas.
Por padrão, o MIDI funciona exatamente como o áudio neste sentido. Ou seja, se existe um material gravado e aperta o REC de novo, o material gravado é substituído pelo novo.
Temos que mudar este comportamento. Para isso, vamos de novo acessar a janela de transport com a visualização de MIDI Controls habilitado. Por lá, você vai encontrar o botão da função “MIDI Merge” (fig. 3) que deve ser habilitada.
Pronto! Basta realizar uma nova gravação, que você vai reparar que as novas performances são acrescentadas ao que já existe.
Ajudando a performance acontecer
Pelo menu Event > Event operations temos a opção “input quantize”, que nada mais é do que corrigir erros de performance (relacionados à rítmica) logo após o usuário parar de gravar.
Para ativar esta função, basta habilitar a função “enable input quantize”. Fig 4.
Há de se ter um cuidado especial neste caso, pois por padrão, o Pro Tools vai cravar sua execução 100% no grid, o que pode deixar a performance “perfeita demais”. Vale a pena gastar um tempo nos controles adicionais.
O controle Exclude Within é extremamente útil neste caso, pois serve como uma “área de escape”, fazendo com o Pro Tools NÃO corrija nada que já esteja próximo do grid. Em outras palavras, se o músico já tocou perto o suficiente do grid, o Pro Tools “faz uma vista grossa” e deixa quieto. Recomendo começar trabalhar com valores de 10–20%.
Agora se o músico tocou muito mal, o quantize vai atuar. Mas isso não quer dizer que precisa ser uma atuação 100% radical e cravada no grid. Vale a pena deixar um certo nível de flexibilidade também nestes casos.
Para isso, usamos a opção “Strength”. Em 100%, o material é colocado no grid matematicamente. O que eu recomendo, é trabalhar com valores de 80–90%, que vão apenas aproximar a execução do grid, mas sem a obrigação de ficar perfeitamente alinhado.
No próximo mês, vamos mais longe falar sobre técnicas de edição MIDI, incluindo o MIDI Editor e mais funções do Event Operations.
Abraços e até a próxima!
Cristiano Moura é produtor musical e instrutor certificado da Avid. Atualmente leciona cursos oficiais em Pro Tools, Waves, Sibelius e os treinamentos em mixagem na ProClass. Por meio da ProClass, oferece consultoria, treinamentos customizados em todo o Brasil.