Artigo publicado na Revista Áudio, Música & Tecnologia. Para conhecer mais sobre a revista, clique aqui.
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Compressores – Explorando emulações Waves
No artigo anterior, exploramos alguns plug-ins da Waves que emulam o funcionamento de preamps e equalizadores analógicos que tem raízes que se misturam à história da indústria fonográfica.
Desta vez, vamos explorar alguns dos processadores de dinâmica da mesma forma, ou seja, tentando entender um pouco mais do seu histórico, suas características principais.
CLA–2A (fig.1)
Este plug-in foi desenvolvido em torno do clássico LA–2A (fig. 2), desenvolvido pela já extinta Teletronix.
O LA–2A é um compressor valvulado, com pouquíssimos controles e muita história. Além de comprimir, ele altera de forma significativa a resposta de frequências do sinal e inclusive muitas vezes era usado mesmo sem o compressor “atuar”. É por conta deste processo que vem muito daquele papo de “vou passar por tal equipamento, só para dar um esquentada”. De fato, isso era feito com o LA–2A.
Outra característica importante dele está em torno do seu sistema de detecção do sinal, que explicando de forma bem simples, funciona baseado em luz. Podemos chamar isso de “sistema ótico”, que atrelado ao circuito valvulado resulta numa compressão suave, com tempos de attack e release moderados.
CLA–2A – Controles e características
A parte mais divertida neste equipamento (seja o hardware ou plug-in) são seus controles, ou melhor, a falta de controles.
O controle principal é o botão “peak reduction”, que faz a função do Threshold. Já os controles de Ratio, Attack e Release encontrados em outros compressores não estão presentes. Mais que isso, eles não são fixos.
Conforme o usuário aumenta o peak reduction, internamente o Ratio também é levemente alterado. Já o attack e release, por conta das características da foto-célula responsável por detectar a flutuação do sinal, também sofrem constante variação, que dependem inclusive do sinal que está sendo processado. Uma voz e instrumentos de sopro em geral que não tem ataque tão rápido, vão ser valores de attack e release mais lentos do que elementos como bateria, percussão ou um baixo tocando slap. E indo mais longe, esta variação acontece inclusive de acordo com a execução; portanto, uma nota longa no baixo seguida de um slap gera uma compressão diferente de um baixo tocando slap seguidamente.
CLA–76
Este plug-in foi desenvolvido em torno no compressor UREI 1176 (fig. 3), uma clássico compressor introduzido no final da década de 60 e mais conhecido como “Onze-sete-meia”. A primeira coisa a se destacar é que a UREI foi a desenvolvedora original do 1176 e houveram várias chamadas “revisões” e melhorias no seu circuito que se refletem na sua sonoridade. Existe a revisão “A”, “B”, “C” e assim por diante.
Mais que isso, mas outras diversas empresas de equipamentos também lançaram “versões” do clássico 1176 (fig. 4A e 4B) sendo a Universal Áudio uma das principais (fig. 5). Então, existem muitos “1176”, similares na construção mas com alguma diferença sonora.
Na revisão “C”, seu nome foi substituído por 1176LN, foi adicionado um circuito para redução de ruído e sua frente foi alterada de cinza para preta. Esta revisão já foi emulada por outras diversas empresas de de plug-ins e também foi a que mais se perpetuou nos estúdios.
Outro fato a destacar é que, muitos imaginam que por ser “vintage”, automaticamente associam à válvula como no caso do LA–2A, quando na realidade o 1176 é um marco como um dos primeiros (ou o primeiro) compressores FET.
A Waves emulou a revisão “A” cinza e azul (fig. 6A) e a revisão “C”, preta (fig. 6B). Há quem perceba muita diferença entre os dois. Se você não perceber, não sofra, pois há quem garante perceber diferença até cor de cabo e marca de bateria em pedais de guitarra.
Controles e características
Como vimos acima, o 1176 trouxe novas possibilidades com seu circuito. A válvula faz o compressor agir de forma “gentil”, com tempos de attack e release lentos e é muito bem vinda em muitos casos, e o 1176 é o oposto. Ele permite que a atuação do compressor seja bem mais rápida e mais adequada para instrumentos percussivos como bateria ou qualquer outro que esteja que esteja atuando “percussivamente” numa música. Por exemplo, uma guitarra funk; apesar de ser um instrumento harmônico, sua função no funk é percussiva.
Seu funcionamento é similares aos outros compressores, com botões pré-definidos de Ratio (4:1, 8:1, 12:1 e 20:1), e o seu Threshold é fixo, portanto, utilizamos na verdade o botão “input” para elevar o sinal até o ponto de compressão desejada. Por fim, o Output serve apenas para ajustar a saída.
Todos os botões pressionados
Brincando no estúdio e testando limites, muitos descobriram que ao manter todos os botões de Ratio pressionados o compressor se comportava de uma maneira totalmente inusitada e interessante em muitos casos. No caso da waves, há um botão dedicado para isso (all).
Neste modo de operação (em inglês, chamado de “All-Button Mode”), a compressão é severa (mais que 12:1) e com certo nível de distorção. Já o attack e release muda dependendo do sinal de entrada. Ou seja, o ataque/release do compressor era mais lento ou mais rápido de acordo com o nível do sinal.
Mais sobre compressores
Chris Lord-Alge é um grande produtor/engenheiro de som e junto com a Waves ajudou a emular o CLA CLassic Compressores, que é o pacote que inclui o CLA–2A e CLA–76.
Mas existem outros compressores clássicos que merecem o mesmo destaque mas não foram incluídos no pacote. Para quem se interessar pelo assunto, recomendo conhecerem mais sobre o FairChild 660 e 670, Purple Audio MC77 e uma variante do LA–2A chamado de LA–3A.
Abraços e até a próxima!