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Preamp + EQ – Explorando emulações Waves
Quando estamos falando de equipamentos vintage, parece que quanto mais história, maior o número de mitos e expectativas de que existe uma “caixinha mágica” que faz soar como “tal disco” ou “tal artista”.
Para nossa sorte, felizmente a “caixinha mágica” não foi inventada. Digo isso pois garante que pessoas aplicadas, que estudam ou as que simplesmente tem um talento, tenham uma chance de se destacar no mercado, independente das suas condições financeiras.
Porém, existem os equipamentos lendários têm suas curvas de equalização, suas distorções e até seus defeitos e limitações registradas em 99% das músicas que nós temos nos nossos CDs de referência, nosso iPod, nossa playlist do Spotify/Rdio/Pandora ou qualquer outro sistema que você use para ouvir música.
Ou seja, é algo que transcende o “bom” ou “ruim”. São sons que culturalmente fomos tão expostos que faz todo sentido conhece-los, e faz mais sentido ainda empresas com a Waves tentar emular suas características e trazer para o ambiente digital.
Neste artigo vamos conhecer dois plug-ins da Waves que tentam trazer para o computador a sonoridade de equipamentos que tem sua história misturada com a história da produção musical.
Scheps 73
Primeiramente, cuidado para não confundir “Scheps” com “Schoeps”. Andrew Scheps é um dos principais mixadores desta década e trabalhou em conjunto com a Waves para criar o Scheps 73. Já a “Schoeps”, é uma fabricante renomada de microfones alemã mas que nada tem a ver com o plug-in Scheps 73.
Este plug-in emula o preamp Neve 1073, um equipamento que se mistura à história da indústria fonográfica (fig. 1).
Fig. 1 – Neve 1073
Eu tive a oportunidade trabalhar em diversos projetos com este hardware e, particularmente vejo como um dos grandes atributos do 1073 o tipo de distorção harmônica e como ele reage quando saturado.
A equalização na realidade é bem limitada no que se refere à possibilidades e parâmetros se comparada aos equalizadores de 7 bandas que os usuários estão acostumados a ver integrados no Logic Pro, Pro Tools, Cubase etc, pois neste são apenas 4 bandas, não há nenhuma regulagem de “Q” e o shelving das frequências altas está fixado em 12kHz sem poder ser alterado.
Isso quer dizer que é ruim? Certamente que não.
Talvez este seja um dos mais importantes aspectos a entender nestes equalizadores.
É um equalizador que ajuda a esculpir e moldar o timbre, e traz características extremamente interessantes do ponto de vista artístico. Porém, isso levando-se em consideração que você já tem um instrumento de qualidade e captado de forma coerente.
Ele apenas não deve ser visto como um equalizador “corretivo”, para “resgatar das trevas” um instrumento mal captado ou um instrumento de má qualidade.
Então de grosso modo, podemos dizer que é uma equalização que pode “alavancar” o que já está bom, mas evite pensar que o 1073 é uma “caixinha mágica” que transforma algo ruim em algo bom.
Krammer HLS Channel
Em outro artigo falamos sobre o Krammer Tape, e agora é o momento ideal para abordar o Krammer HLS Channel pois na sua essência é um projeto muito similar ao Scheps 73.
Ou seja:
1- foi desenvolvido em conjunto com outro grande produtor (Eddie Krammer)
2- emula uma sessão de preamp + EQ de um equipamento Vintage, no caso, o console Helios.
3- sua equalização não é tão flexível como um equalizador moderno.
Eu sempre acho que um pouco de história ajuda a esclarecer o presente e permite validar, ou não, mitos. Já que o nome “Helios” não é um nome tão famoso quanto SSL e Neve, rapidamente, vamos entender de onde vem o console “Helios” (fig.2).
fig. 2 – Console helios
Tudo começa no Olympic Studios, um estúdio de gravação em Londres que na década de 60, era tido como um dos principais do mundo e tinha suas consoles projetadas por seus próprios funcionários (neste momento, eram simplesmente chamadas de console “Olympic”). Sua sonoridade era muito comentada no meio artístico, e logo ele virou referência para produção de diversos clássicos, principalmente do Rock.
Com tanta fama acabaram decidindo por começar a comercializar o console, e a batizaram de Helios.
Hoje o estúdio fechou e os consoles também não são mais vendidas, mas temos algumas relíquias espalhadas pelo mundo e a Waves resolveu emular uma (fig. 3).
fig. 3- kramer-hls-channel
Plug-ins em uso
Novamente, veja que nos dois casos, a equalização é vista como algo para dar “acabamento”, e não para corrigir ou resolver problemas mais graves que necessitam precisão cirúrgica.
A “diversão” acontece ao explorarmos os parâmetros de “preamp” e o parâmetro “drive”. É sempre bom começar com eles, e tentando perceber que como a distorção se comporta em contexto com o timbre e a música.
Depois de um tempo se acostumando com as interações, é hora de experimentar em conjunto com a equalização.
Por exemplo, é comum a saturação ficar agradável em certas áreas, mas deixar o timbre muito estridente ou áspero. Neste caso use o equalizador para atenuar a área média-aguda e encontre a medida ideal.
Também é importante levar em consideração que os parâmetros não funcionam de forma “isolada”. Ou seja, Eles interagem entre si, e amplificar uma frequência vai afetar não apenas aquela faixa de frequência, mas também altera características de distorção de outras. Então as possibilidades são infinitas.
Sobre o Scheps 73, no plug-in a Waves optou por incluir também a opção de regular a frequência central para 10kHz (fig. 4). Isto acontece porque foi fabricado durante um tempo mas logo descontinuado o modelo Neve 1078 que continha esta opção.
Fig. 4 – scheps-73
Antes de me despedir, vou fazer uma recomendação de estudo em forma de “desafio interativo”. Experimentem mixar uma música de ponta a ponta utilizando apenas estes equalizadores.
Não que isso seja o ideal. Encare como uma prática de estudo. É uma maneira de rapidamente se acostumar com suas características e viver um pouco do ambiente “histórico”, onde em muitos estúdios os únicos equalizadores disponíveis eram os embutidos na console e ponto final, e ainda assim, produziram centenas de mixagens excelentes. Nada de lista de plug-ins.
A questão “interativa” fica por conta dos resultados. Quem quiser, pode enviar um link para download da sessão para meu e-mail com comentários para que eu possa mostrar alguns resultados na coluna do mês que vem.
Abraços, e até a próxima!
