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Seria este o seu último equalizador?
Equalização é sem dúvida, algo que estamos acostumados a mexer mesmo antes de trabalhar com áudio. Um rádio de carro e o próprio iTunes tem um equalizador (fig. 1) para tentar melhorar nossa experiência auditiva.
Mais que isso, a equalização é um dos alicerces de uma boa mixagem. Existe uma gama de processadores bem mais sofisticados como compressão multibanda, reverberadores de convolução, Transient Designers, emulações de todos os tipos, há pouco espaço para discutir que nenhum deles é capaz de mudar a história de uma mixagem mal equalizada.
A Waves andou fazendo excelente trabalho emulando equalizadores analógicos baseados na SSL, NEVE, API entre outros e com esta experiência, desenvolveu um “tudo em um”, chamado Hybrid Equalizer.
Neste artigo, vamos mergulhar mais a fundo neste equalizador.
Arquitetura básica
O Hybrid Equalizer possui uma configuração similar a muitos outros equalizadores, sendo muito simples de se acostumar. São dois filtros passivos e mais 5 filtros ativos, sendo dois deles, intercambeáveis entre Peaking/bell ou Shelving. A parte interessante do projeto é que cada filtro pode funcionar de acordo com 7 estilos/tipos de equalizadores (fig. 2).
Além dos filtros, ele também vem com um analisador de espectro embutido, algo que aos poucos outras empresas também adotaram.
O analisador tem botões independentes para o usuário analisar o sinal de entrada e o sinal de saída (in/out).
Já os botões L/M e R/S são para analisar apenas o lado esquerdo/Mid e Right/Side, respectivamente. Ainda temos o botão “freeze” que para o movimento do analisador e o “Peakhold” para manter marcado os pontos de maior intensidade.
Pontos interessantes – M/S
Caso o canal seja estéreo, através de uma Matriz M/S integrada. Este não é um modo de operação muito conhecido, porém muito eficiente para manter compatibilidade da sua mixagem com sistema Mono e em muitos casos, possibilita mais nitidez no campo estereofônico.
Caso você não conheça sobre este sistema, recomendo seriamente uma pesquisa, tanto no campo da mixagem quanto no campo da gravação/microfonação.
Explicando de uma forma bem simples, o sistema M/S permite fazer equalizações diferentes para o Mid (referente similaridade entre os sinais L e R e que soam no centro), e o Side (diferença entre os sinais L e R, que soam apenas nas extremidades do campo estereofônico)
Para isso, à esquerda basta escolher o modo de operação. O padrão é estéreo mas ao pressionar este botão, ele se torna Mid/Side. Repare que o input também não se comporta mais como L/R e sim como M/S. Ou seja, o usuário pode regular a proporção do M/S (fig. 3).
Quando em M/S, a curva laranja do equalizador representa o “Mid” e a curva verde representa o “Side” (fig.4).
Por último, entre o botão M e S temos um controle com símbolo de um alto-falante, que permite o usuário ouvir isoladamente apenas o Mid ou o Side em mono.
Pontos interessantes – Filtro assimétrico
Uma das funções que podemos entender como “única”, é o filtro assimétrico. Ele tem o nome de “digital 1” e se encontra na lista de filtros disponíveis.
A idéia é muito interessante e útil: o controle do “Q”, que normalmente controla largura da banda, neste filtro ele controla a inclinação do filtro. A figura 5A, 5B e 5C apresentam as diferenças. Repare que em torno da frequência central, o equalizador cria pequenos cortes em frequências vizinhas. Olhando apenas para o gráfico, pode até parecer um “defeito” do equalizador, mas não deixe os olhos decidirem. Cortar frequências vizinhas é uma técnica de equalização que ajuda a definir o timbre, e uma característica encontrada na maioria dos sistemas analógicos.
Outras emulações funcionam de forma similar, mas o Hybrid Equalizer talvez seja o único com controle de inclinação.
De forma geral, podemos ajudar o “Q” com valores baixos se estivermos trabalhando nas baixas frequências (graves). Com isso, um corte à direita (área dos médios graves) será feita. Já para as altas frequências (agudos), use valores altos. Com isso, o efeito será inverso.
Extras
Abaixo do filtro passa baixa, temos o “Analog Section”, que permite o usuário incorporar mais características entradas em circuitos analógicos.
“Analog Level” introduz ruído de rede elétrica (Hum) e chiado (Sssss). A Waves sempre coloca como opcional, e sinceramente, não vejo ninguém precisando adicionar este tipo de ruído a não ser que seja para algo experimental.
Já o THD Level, é um controle que pode adicionar distorção harmônica, e neste caso pode ser útil em diversos casos.
Por último, temos uma simples mas muito conveniente funcionalidade. É o piano logo abaixo do gráfico de equalização (fig. 6). Isto permite uma comunicação mais simples entre o técnico de som e os músicos, pois permite que você escolha frequências de corte usando o piano como referência.
Muitas vezes, o músico ou produtor ouve um harmônico que se destaca demais, seja nos pratos ou tambores por exemplo e precisa ser atenuado.
Sabendo qual é a nota exata (ex: dó 5), quem estiver operando o Hybrid Equalizer pode simplesmente clicar num dos filtros e pressionar a nota correspondente no piano. Simples assim. Sem precisar de uma tabela de frequências ou do Google.
E vamos ficando por aqui. O Hybrid Equalizer é um canivete suíço dos equalizadores e merece sua atenção. Até o próximo mês!
Abraços!
