Pro Tools 11 – Primeiro Test Drive.

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No mês de abril, o Pro Tools 11 foi anunciado e apresentado ao público. Ele ainda esta em fase de teste e deve começar a ser comercializado a partir de julho, mas ainda assim tivemos a oportunidade de testa-lo e este artigo conta um pouco sobre como foi essa experiência.

Histórico: conclusão de um ciclo.

Até o Pro Tools 7.4, a ferramenta era vista como um “software de velho”, “careta”, “antigo” ou qualquer outro termo que tivesse alguma referência com algo ultrapassado. Isto porque seus concorrentes, Logic Pro, Nuendo, Cubase e Sonar já apresentavam conceitos e interface mais moderna enquanto o Pro Tools mantinha sua interface “clássica”. (fig. 1)

fig. 1 - pt 7

fig. 1 – pt 7

 

Claramente uma reformulação geral precisava ser feita, mas sendo software padrão da indústria e uma base de usuários gigantesca, este movimento precisava ser feito aos poucos e com muita cautela.

A versão 8 do Pro Tools é considerada um marco, pois foi quando a Avid iniciou esta verdadeira revolução do Pro Tools, com o intuito de encerrar qualquer tipo de contestação com relação ao software (fig. 2). Nesta versão, a interface foi completamente refeita, muitos conceitos foram repensados e recursos MIDI como o MIDI Editor e Score Editor foram incorporados pela primeira vez. Neste momento, foram resolvidas dois tipos de críticas: a interface e usabilidade no MIDI em produções musicais.

fig. 2 - pt 8

fig. 2 – pt 8

O Pro Tools 9 encerrou outra grande contestação. A partir desta versão, o hardware da Avid deixou de ser uma exigência para rodar o software. Então, interfaces de terceiros como Focusrite, M-Audio, Roland, RME se tornaram compatíveis com Pro Tools. Mais do que isso, era finalmente possível rodar o Pro Tools sem nenhum hardware externo, usando apenas a entrada/saída de um computador (fig.3).

fig. 3 - pt9

fig. 3 – pt9

No Pro Tools 10 o novo formato de plug-in (AAX) foi apresentado. Além disso, o sistema Pro Tools|HDX e Pro Tools|HD Native entraram em cena para substituir o Pro Tools|HD (fig. 4A e 4B). Apesar de quase transparente ao usuário, o AAX representava um avanço tecnológico essencial para que novos recursos fossem incorporados no desenvolvimento de plug-ins. Da mesma forma, os sistemas HDX e HD Native apresentavam novos chips de processamento que quebravam várias limitações que impossibilitavam o avanço do antigo sistema HD.

fig. 4A - Pro Tools|HDX

fig. 4A – Pro Tools|HDX

fig. 4B - Pro Tools|HD Native

fig. 4B – Pro Tools|HD Native

O Pro Tools 11 conclui este ciclo… Vamos conhecer mais:

Novo motor

O antigo “motor” chamado de DAE (Digidesign Audio Engine) agora se chama de AAE (Avid Audio Engine) e ficou muito mais simples de configurar a janela de Playback Engine (fig. 5), onde por exemplo, não é mais necessário configurar o ADC (Automatic Delay Compensation). Além disso, graças ao novos chips do sistema HDX e HD Native, Pro Tools 11 agora é um aplicativo que utiliza processamento em 64-bit. O que significa? Em poucas palavras, ele pode usufruir dos recursos de seu computador de forma muito mais eficiente.

fig. 5 - PT 11 Playback Engine

fig. 5 – PT 11 Playback Engine

 

Porém, sempre que o assunto tende para o lado mais técnico e subjetivo, é comum indagarmos até onde teremos um ganho real de performance e até onde é apenas marketing?

Então fiz meu “dever de casa”, e abri uma sessão no Pro Tools 10 e no Pro Tools 11 na mesma máquina e realmente foi impressionante. No Pro Tools 10, a sessão consumiu 45% da CPU, enquanto no Pro Tools 11 a mesma sessão consumiu apenas 13%. É um ganho de performance tão significativo que a única conclusão que eu posso chegar é de que o “motor” antigo (DAE) estava bem mais ultrapassado do que eu imaginava.

Momento “Uhu!”

bounce offline: significa processar sua mixagem internamente, o que faz com que o processo aconteça muito mais rápido do que em tempo real. A falta desta funcionalidade foi questionada pelos usuários por décadas, e finalmente está presente no aplicativo. Veja na figura em anexo, que numa sessão repleta de plug-ins foi possível fazer o bounce 7x mais rápido (Fig. 6A). Sem plug-ins, o bounce foi feito 32x mais rápido. (fig. 6B).

fig. 6A - bounce offline numa sessão sem plug-ins

fig. 6A – bounce offline numa sessão sem plug-ins

fig. 6B - bounce offline numa sessão pesada

fig. 6B – bounce offline numa sessão pesada

Mais auxiliares na tela: a visualização chamada de “single send” é muito boa, mas até então só era possível ver um auxiliar por vez. Agora é possível ver todos caso necessário. (fig.7-A)

indicação de redução de ganho dos compressores nos meters: outra genial idéia. Os meters podem ser configurados para apresentar o nível de redução de ganho dos compressores ligados nos inserts ou até a soma de vários compressores. Ter este tipo de feedback visual sem precisar abrir e fechar os plug-ins aumentam bastante da produtividade. (fig.7-B)

Bypass de inserts e sends: agora, vários atalhos permitem fazer bypass de várias maneiras. A principal delas, desligar todos os inserts de uma track de uma única vez. (fig.8)

fig. 8 - Atalhos para Bypass

fig. 8 – Atalhos para Bypass

Momento “Ei, isso é bem útil!”

Meters (apenas Pro Tools 11 HD): até então, só apresentavam nível de pico. Agora, 17 tipos de medição que podem ser representadas nos medidores.(fig. 7-C) Mais que isso, agora todo insert e todo send inclui um “mini-meter”. Mais informação sobre o sinal sem precisar abrir plug-ins e sends é muito bem vindo. (fig. 7-D)

Suporte ao playback de vídeo HD e diversos codecs: nem todo mundo usa vídeo com Pro Tools, mas o mais importante é entender que a tecnologia usada no Media Composer (software de edição da Avid) está agora integrada no Pro Tools e isso significa playback de vídeo de forma muito mais otimizada.

Dynamic Host processing: quando se colocava um plug-in no insert no Pro Tools, ele consumia recursos da CPU mesmo quando não havia áudio na pista. Mas plug-ins de áudio, são obviamente feitos para processar áudio. Se não houver áudio na pista, não há nada a ser processado… Por isso, a Avid criou o Dynamic Host Processing que faz com que o plug-in pare de consumir recursos da CPU caso não exista áudio na track. Agora é um motivo a mais para limpar as tracks manualmente ou com strip silence.

Momento “Opa! Esta eu não esperava!”

Add MP3: no Pro Tools 11, não é mais necessário fazer um bounce em WAV e depois outro em MP3. Uma simples e genial idéia, que permite que os dois bounces sejam feitos uma única vez. (fig.9)

Bounce de múltiplos outputs: Se você gosta separar grupos em busses como vozes, harmonia, melodia, efeitos, saiba que no Pro Tools 11 (somente HD), será possível fazer bounces de cada um deles de uma única vez. (fig.9)

fig. 9 - bounce to disk

fig. 9 – bounce to disk

System Usage: agora, ele apresenta o nível de CPU utilizado em todos os núcleos do processador. (fig. 10)

fig. 10 - system usage

fig. 10 – system usage

Pro Tools 10 e 11 na mesma máquina: para facilitar a transição, as duas versões podem estar instaladas. Então usuários podem concluir projetos importantes no Pro Tools 10 enquanto testam o Pro Tools 11.

Conclusão

Diferente do Pro Tools 9 ou 10, O Pro Tools 11 não é uma versão “de transição” que foi lançada com apenas um ano de diferença entre uma e outra. A Avid acertou em cheio no Pro Tools 11, e será muito difícil alguém questionar o aplicativo. É um produto diferenciado por uma característica específica: seu desenvolvimento foi claramente feito em cima das críticas de nós, usuários, e o mercado agradece ver nossos pedidos finalmente atendidos.

A Avid ainda é o padrão de indústria no mercado de áudio e vídeo e aprendeu da pior maneira possível (perdendo mercado para concorrentes) de que precisa encontrar um meio termo entre a filosofia de “fidelizar clientes” e a de “se manter tecnologicamente atualizada”.

Agora resta esperar o “Pro Tools 12”, para saber se a Avid vai “estacionar” de novo, ou se seguirá acompanhando as tendências e novas tecnologias do mercado.


cris3x4 blog proclass Cristiano Moura é produtor musical e instrutor certificado da Avid. Atualmente leciona  cursos oficiais em Pro Tools, Waves, Sibelius e os treinamentos em mixagem na ProClass.  Por meio da ProClass, oferece consultoria, treinamentos customizados em todo o Brasil.