Waves Chris Lord-Alge Collection – Plug-ins para quem quer sofisticar sem complicar

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Com o conceito de uma linguagem totalmente “não-técnica”, O Chris Lord-Alge Signature Collection uma parceria entre a Waves e este criativo engenheiro de som, responsável por mixagens da Madonna, Bruce Springsteen, U2, Dave Matthews Band entre outros. Neste artigo, vamos ver um pouco mais sobre os plug-ins incluídos no pacote.

CLA Compressors: Trabalho anterior

Nota: antes de produzir o “Chris Lord-Alge Collection”, a Waves já havia produzido a coleção “CLA Compressors” em conjunto com o mesmo. É um pacote que conta com a emulação de 3 compressores clássicos: Teletronix LA-2A, Urei 1176LN e Urei LA-3A. As figuras 1A, 1B e 1C apresentam os plug-ins, e as figuras 2A, 2B e 2C são os hardwares.

fig. 1A - CLA-2A

fig. 1A – CLA-2A

fig. 1B - CLA-76

fig. 1B – CLA-76

fig. 1C - CLA-3A

fig. 1C – CLA-3A

fig. 2A - LA-2A hardware

fig. 2A – LA-2A hardware

fig. 2B - Urei 1176LN

fig. 2B – Urei 1176LN

fig. 2C - LA-3A

fig. 2C – LA-3A

Esta coleção é vendida separadamente e não será abordada neste artigo.

Conceito

A interface e a maneira de pensar dos plugins, é voltada aos músicos e técnicos de som de primeira viagem, mas se engana quem acha que isto significa que os processadores são básicos. Pelo contrário, por trás interface simples, tem muita coisa acontecendo. Por exemplo, ao ajustar o botão de compressão, internamente, mais de um compressor está atuando e quanto mais intenso o ajuste, outras interações relativas a equalização acontecem em paralelo.

Então o mais importante é pensar que ao mexer em um parâmetro, na verdade muitos outros estão mexendo. O resultado sonoro é uma mistura de vários processadores interligados, e não apenas um.

Interface básica

Todos os plugins possuem controles básicos como graves, agudos, compressão e reverberação. A linguagem também curiosa: termos informais como “bite”, “roar”, “dirty” são utilizados para descrever os resultados de certos parâmetros, e apesar disto raramente agradar profissionais de áudio que já tem incorporado a linguagem técnica, é uma maravilha para um grupo cada vez maior de pessoas interessadas a explorar o mundo da produção de áudio.

Apesar de botões semelhantes, a diferença é que cada um está configurado para atuar de uma maneira única.

Não há muito o que explicar pois é muito intuitivo, e por isto, a seguir, vamos falar apenas as características únicas de cada um deles e uma visão geral dos testes.

CLA BASS (fig. 3)

fig. 3 - Bass

fig. 3 – Bass

O que realmente chama atenção é o controle de distorção. É muito comum se perder bastante tempo achando qual processador de distorção vai de encaixar com o baixo. Em geral, a busca é por uma saturação não muito metálica ou brilhante. Também costuma ser ruim distorcer o baixo a ponto de parecer uma guitarra. E enfim, o resultado de distorção neste plugin agradou muito, por conseguir saturar de maneira diferente as frequências baixas, que apenas satura sem perder grave, e nas frequências altas não vem aquele timbre ardido. Outro controle interessante é o “sub” (em destaque na figura), que tem resultado muito similar ao plug-ins Rbass da mesma empresa.

CLA Vocals (fig. 4)

fig. 4 - Vocals

fig. 4 – Vocals

Simples e direto. Não machuca, não melhora e não piora. Os resultados são bem naturais seja a configuração que for.

Na realidade, confesso que tive bons e péssimos resultados, e de forma geral, acho ainda é algo que precisa ser refinado manualmente em critério e menos “chutado” em equalizadores e compressores individuais/tradicionais. Principalmente o reverb, é muito importante que esteja bem contextualizado com a música, e como a Waves não tem como adivinhar qual o estilo da sua música e como você a imagina (ainda…), poucas vezes consegui um reverb que funcionasse bem com a mix.

Porém o delay é interessante e funciona muito bem. Tanto regulado como “slap” quanto “eight” apesar de ser uma pena não termos um controle sobre o feedback.

CLA Guitars (fig. 5)

fig. 5 - Guitars

fig. 5 – Guitars

Como em todo processador de guitarra, fiz experimentos com Rhodes e Hammond, além da guitarra obviamente. Gostei bastante da simplicidade em chegar num som interessante com qualquer instrumento. Parece ter sido muito bem esculpido, e foi uma grata surpresa levando-se em consideração a complexidade harmônica destes instrumentos.

O destaque é a função Re-amplify, encontrada apenas neste plugin. Funcionou muito. Em com guitarra em linha, Rhodes e Wurlitzer.

CLA Drums (fig. 6)

fig. 6 - Drums

fig. 6 – Drums

Talvez o mais complicado de decifrar. Realmente tem uma grande engenharia acontecendo por trás dos parâmetros, muito bem-vinda, vale ressaltar. Antes de fazer os ajustes nos sliders, é importante escolher no botão em destaque na figura qual peça da bateria a ser tratada.

O que realmente parece ter faltado é um controle das freqüências médias. Na verdade, isto falta em todos, mas na bateria se torna uma situação crítica. Serve bem para samples, BFD, DKH, Addictive Drums e afins, mas para bateria acústica é mais complicado, pois é um instrumento em que a mixagem geralmente depende bem mais de cortes de frequência bem feitas do que ganho, e neste caso, as frequências de corte precisam ser mais precisas. Ajustar “mais ou menos perto” não costuma dar tempo.

CLA Effects (fig. 7)

fig. 7 - Effects

fig. 7 – Effects

Podemos entender este plugin como um grande processador tudo em um, útil principalmente para músicos que estão produzindo e querem criar algo interessante com ele sem precisar pensar em bus, mandada, efeito, retorno, etc…

Os controles permitem misturar facilmente uma gama de efeitos, e neste caso, torna o processo muito criativo.

Uma das posições de ajuste de EQ chama-se “telephone”, um conceito que tem sido muito aplicado em pop/rock. Também possui dois processadores de delay independentes, perfeito para criar camadas e texturas.

CLA Unppluged (fig. 8)

fig. 8 - unplugged

fig. 8 – unplugged

A idéia deste plug-in é de ser usado em piano, violão, flauta ou qualquer instrumento em que a tendência é soar mais natural. A diferença principal com relação aos outros é que este tem dois reverberadores, que faz toda a diferença, pois, não é apenas uma questão de quantos instrumentos que o plug-in se dispõe a “abraçar”, mas também o contexto em que estes instrumentos estarão pode variar muito a necessidade de reverberação. Vale inclusive, experimentar este plug-in com voz.

Conclusão

O objetivo dos plugins foi muito bem atingido. Ou seja, fornecer uma interface sem mistérios e resultados interessantes sem gastar horas e dispersar o músico durante seu processo criativo.

Realmente, sentimos muita falta de um botão exclusivo para cuidar de frequências médias, mas ainda assim, estes pacote cumpre muito bem o seu papel.


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 Cristiano Moura é produtor musical e instrutor certificado da Avid. Atualmente leciona cursos oficiais em Pro Tools, Waves, Sibelius e os treinamentos em mixagem na ProClass. Por meio da ProClass, oferece consultoria, treinamentos customizados em todo o Brasil.