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Tudo que você já conhece, mas de outro jeito.
Num mundo digital, com centenas de empresas de plug-ins e internet rápida, é comum passarmos um bom tempo de nossas vidas experimentando centenas de processadores de diversos tipos e fabricantes à procura do “plug-in mágico” que ninguém sabe muito bem como, mas faz tudo soar melhor.
Este tipo de exploração faz parte do processo e aprendizado, e sinceramente, acho muito válido. Nos ajuda a traçar comparativos, exercitar o ouvido, analisar por outros ângulos entre muitas coisas vivências importantes. Mas fatalmente, muitos vão acabar se dando conta que a “mágica” (felizmente) está cada vez mais nossa na mão e não na ferramenta.
O estilo, bom gosto e talento na utilização das ferramentas em conjunto é que compõe o resultado.
E por que estou falando tudo isso?
Porque baseado nisso é que surge a necessidade de parar de pensar nos efeitos de forma isolada. “Como equalizar”, “como comprimir” ou “como saturar” não é mais o caso… Ao invés disso, aparece um novo raciocínio: “como misturar” para se chegar num certo resultado.
Nesta hora é que começam a fazer sentido técnicas de compressão multibanda, compressão paralela, equalização dinâmica etc. De forma geral, todas tem o mesmo princípio; envolvem processamento em paralelo, com mandadas de um mesmo sinal duplicado para vários tracks auxiliares e os processando de maneiras diferentes. Ou seja, divertido mas trabalhoso para fazer o setup.
O Waves Vitamin Sonic Enhancer busca oferecer algo não tão sofisticado e complexo quanto as técnicas acima, mas suficiente para permitir processos em paralelo de forma intuitiva e sem dor de cabeça de roteamento.
Conceito geral
O Waves Vitamin é uma combinação de equalizador, compressor e saturador em paralelo.
Ele subdivide o sinal em cinco faixas de frequência, que podem ter regulagem independente de ganho e campo estereofônico. Além disso, também permite que uma compressão e saturação atue sobre cada uma destas bandas.
Controles
À primeira vista, mais parece uma mesa de som, onde cada um dos canais possui controle de Mute/Bypass e Solo, além de faders que controlam o ganho. (fig. 1B).
O fader maior à direita é o sinal direto (original), para que seja facilmente misturado com o sinal processado (conceito básico da compressão paralela) (fig. 1A).
À direita temos o botão “punch” (Fig. 1C), que funciona de forma similar ao ataque de um compressor. Quanto menor o valor, mais rápida a atuação. Ele é um controle único, mas afeta cada uma das faixas de frequência de forma independente. É como se tivessemos um compressor no insert de cada um dos canais, porém, com a mesma regulagem.
Conforme os valores aumentam, o ataque é mais lento e isso permite que picos sonoros sejam ignorados pelo compressor e o resultado será um sinal com picos sonoros mais evidentes. É essencialmente o que os termos “punch” e “bite” buscam caracterizar.
Por último, na parte inferior temos o controle “Width” (Fig.1 D), que permite a abertura do panorama. Quando o controle está zerado, o sinal está em mono e quanto mais para a direita, mais aberto será o campo estereofônico. Por exemplo, num subgrupo de bateria, este controle é extremamente útil para deixar os graves centralizados enquanto os agudos (pratos) usufruem do panorama total.
Em canais de overs, pode ser útil nos casos em que a caixa estiver “pesando” mais para para o lado esquerdo ou direito. Basta fazer o ajuste da área média alta, e o problema será resolvido.
Observe na figura 2 que, esta função só está disponível se o canal for estéreo e o for escolhido a opção Multichannel.
Num canal mono ou com a configuração multi-mono não faria muito sentido.
Em uso
A idéia de subir frequências com faders é muito boa. Já é algo que muitas pessoas fazem, pois qualquer coisa que simplifique a operação, automaticamente é algo que melhrora o fluxo criativo.
Como a grande vantagem de um equalizador, eu destaco a facilidade de se ouvir e ver o que está sendo feito em cada faixa de frequência. A referência visual (gráficos roxos) é muito bem-vinda seja para um profissional ou amador, e a possibilidade de colocar uma faixa de frequência em solo de é o ideal para escolher a largura de cada uma delas.
Nos meus testes, a saturação não foi agradável na maioria dos casos. Eu sei que a idéia era simplificar para o usuário mas acho que se tivesse um controle individual de saturação por faixa de frequência não faria nada mal.
A função “punch” funciona muito bem! É um único controle, mas que trabalha em conjunto os controles de attack, ratio e threshold de um compressor convencional. Foi muito bem implementado e serviu perfeitamente para dar mais vigor e pegada em caixa, bumbo e tambores em geral, como se o baterista tivesse tocado com mais intensidade.
Conclusão
Acho a idéia excelente, e os resultados foram muito práticos. O principal, que é tirar o som que se está procurando foi atingida e isso me deixa mais que satisfeito. Eu realmente faço questão de salientar que o controle de saturação fez falta, o que faz continuar preso aos métodos tradicionais de processamento em paralelo.
Fora isso, se sua intenção é comprimir e equalizar em múltiplas bandas de forma prática e rápida, o Vitamin vai suprir suas necessidades e facilitar sua vida demais.
Abraços!
