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O curioso processador que tem até crédito em discos
Neste mês, convidamos Katia Dotto para falar sobre suas experiências com o Aural Exciter.
Olá pessoal, sou cantora, musicista e compositora, trabalho com gravação, mixagem e produção de artistas no meu estúdio. Também sou certificada pela Avid como Pro Tools Expert Certified, e leciono cursos de Pro Tools e Mixagem na ProClass. Desde que essa nova era tecnológica possibilitou termos nosso próprio equipamento em casa ou em um pequeno estudio, penso que muitos leitores, possam se identificar com a minha trajetória, porque acabei me apaixonando pelo mundo da gravação e da mixagem enquanto ainda na carreira de musicista e cantora solo e hoje em dia tenho passado mais tempo com outros artistas no estúdio do que no palco.
O misterioso Aphex Aural Exciter
O Aphex Aural Exciter surgiu em meados da década de 70 nos Estados Unidos e esteve presente nas gravações de maioria dos grandes artistas da época, por causa da sua habilidade em realçar a presença, o brilho e a claridade em vocais e instrumentos tanto acústicos quanto elétricos. Uma curiosidade sobre o Aural Exciter é que muitas vezes no início de sua aparição no mercado, eram dados os devidos créditos na ficha técnica dos discos em que era usado como por exemplo “Esse disco foi mixado usando o sistema Aphex Aural Exciter” ou as vezes era até “categorizado” como um músico de gravação, tamanho era o mistério que cercava sua tecnologia, e pra quem ainda não conhecia o Aural Exciter, alguns achavam que era algum tipo de “pegadinha”, como conta o próprio Val Garay que foi um dos principais divulgadores do Aphex Aural Exciter.
Uma pergunta comum é: Porque usar o Aphex Aural Exciter e não simplesmente um equalizador?
Bem, primeiro porque a claridade e presença que ele traz não se consegue com nenhum equalizador, em segundo lugar porque o Aural Exciter também cria uma sensação de que este “brilho” vai um pouco além do nosso panorama L/R, quase como se ele posicionasse o instrumento além de nossas caixas, e acho que são essas características que o tornaram tão popular até os dias de hoje.
Esta versão do plug-in da Waves foi desenvolvida a partir de uma das únicas unidades valvuladas (“tube-powered”) produzidas, porque existiam poucos modelos valvulados no mercado e sua versão mais comum era a versão solid-state. O modelo usado pela Waves para criar o plug-in foi o 402. Apesar de hoje em dia o circuito do Aural Exciter ter sido licenciado por outros fabricantes e existirem modelos similares, os modelos da Aphex continuam sendo padrão de referência em todo mundo.
Parâmetros: modos de operação
O Aural Exciter possui 4 modos de operação:
- BP
- MIX1
- MIX2
- AX
BP é o Bypass, onde o sinal passa sem processamento. Porém, é importante saber que ele não se comporta como um bypass “puro” ou true-bypass, pois o plug-in emula exatamente a sua versão física, onde mesmo em bypass ele modifica do som.
Com relação aos modos de “MIX”, vamos começar com o “MIX2”. Ele se comporta como a função “Mix” do hardware, projetado para ser fisicamente ligado no insert do canal, e não como send/return. Para controlar a intensidade do efeito, usa-se o botão “AX Mix”.
Já o modo AX foi projetado para ser utilizado em paralelo (send/return), por meio de um Aux Send e o efeito inserido num track auxiliar (return). Desta maneira, o usuário pode equilibrar a relação entre som direto e som processado por meio do Aux Send. Inclusive, note que botão “AX Mix” fica inutilizável, uma vez q o plug-in só reproduz o som modificado.
Em ação
Quando usado no modo MIX2, me parece que as melhores características do Aphex Aural desaparecem, e o som fica inclusive mais velado nos violões, ganhando até um pouco de corpo. Como sempre, tudo depende da sua necessidade e sem dúvida ele tem sua utilidade. Não é por coincidência que Val Garay comenta em suas entrevistas que prefere utilizar o Aural Exciter no modo AX, colocando-o em send/return.
Nos links a seguir, você pode ouvir alguns dos testes realizados com o material da banda RockTed (.
Musica Completa:
https://soundcloud.com/katia-dotto-1/temporal-master-by-amabile
Violao sem Aural:
https://soundcloud.com/katia-dotto-1/violao-sem-aural
Violao com Aural:
https://soundcloud.com/katia-dotto-1/violao-com-aural
Panderola sem Aural:
https://soundcloud.com/katia-dotto-1/panderola-sem-aural
Panderola com Aural:
https://soundcloud.com/katia-dotto-1/panderola-com-aural
Modo exclusivo do plug-in
Como visto acima, o comportamento do processador no modo MIX2 e no modo AX produzem resultados bem diferentes. Por conta disso, a Waves resolveu o útil com o agradável e criar o “MIX1”, parâmetro que não existe originalmente no hardware.
A finalidade é de obter o som do hardware usado em AX Mode, porém com a praticidade de usá-lo como insert direto no canal.
Na minha mais recente mixagem usei o Aphex Aural Exciter em 2 instrumentos, no violão e na pandeirola, e em ambos usei exatamente este modo (figura 2), colocando o plug-in diretamente no canal do instrumentos (no caso do violão criei um auxiliar somente pra somar os microfones usados).
Parâmetros coadjuvantes
A direita da interface do plugin temos o botão Mains, que funciona para eliminar hummings baseados na fonte de energia usada nos modelos originais. Funciona com um filtro passa-alta.
Para deixar a emulação mais fiel, a Waves também incluiu o parâmetro “Noise”, que controla a quantidade de ruído que havia no modelo original. A vantagem na versão plug-in é poder ajustar isso ao seu gosto ou desligá-lo completamente.
Conclusão
uso do equalizador para puxar frequências altas é bem comum, e o resultado acaba as vezes não sendo o esperado. Ao invés de brilho, o timbre fica estridente, “ardido” etc.
Se você busca realçar as qualidades agudas de um instrumento ou voz, ou destacar um instrumento com informações de alta frequência, experimente da próxima vez o Aural Exciter como alternativa ao equalizador.
Até a próxima!