Artigo publicado na Revista Áudio, Música & Tecnologia. Para conhecer mais sobre a revista, clique aqui.
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Compressores são equipamentos cercados de mitos e mistérios. Diferente da maioria dos processadores de efeito, sua atuação varia de acordo com o sinal de entrada, isso faz com que seja um processor mais complexo para aprender a mexer na base da intuição. Simplesmente rodar os botões e ouvir os resultados não funciona, pois o comportamento do processador depende do sinal que está entrando.
O C1 é um dos compressores mais antigos da Waves e acabou perdendo espaço conforme a Waves lançava suas versões que emulavam hardwares analógicos. Porém, o C1 é uma ferramenta poderosa com recursos únicos e merece toda nossa atenção.
É importante ressaltar que este artigo não se propõe a ensinar o funcionamento dos compressores ou seus parâmetros básicos universais como Threshold, Ratio, Attack e Release. O foco será apenas em torno do C1, onde será apresentada construção dos módulos e alguns parâmetros específicos deste plug-in.
Obs.: para ver todos os processadores de dinâmica da Waves, acesse http://www.waves.com/content.aspx?id=91#Compressors
O que é o C1?
A primeira coisa a se entender é que o C1 não é um simples compressor, mas um compander, ou seja, um processador que possui módulos de compressor (fig. 1A) e expander/gate (fig. 1B), mas o que há de interessante nele é a maneira com a qual estes módulos foram implantados que faz com que o C1 seja uma ferramenta muito versátil para correção de problemas ou para o uso criativo. Estes podem atuar separadamente ou em conjunto e mais que isso, também inclui um terceiro módulo de filtro (fig. 1C) que pode interagir com os dois módulos ou de forma independente.
Isso significa que unindo o conhecimento técnico com a arte, é possível usar o C1 de diversas formas.
Prevendo o futuro…
Como dito no início do artigo, o funcionamento do C1 e qualquer processador de dinâmica está diretamente ligado ao sinal de entrada. A função “lookahead” (fig. 2) permite que o C1 faça uma leitura antecipada do sinal e isto resulta numa maior precisão, tanto na hora de comprimir quanto na hora de cortar o sinal com noise gate. Esta é uma função só possível num ambiente de gravação, onde o sinal já tenha sido gravado, afinal, a tecnologia já evoluiu muito mas não ao ponto de ter algum “poder de adivinhação”.
Por este motivo, compressores em hardware não possuem esta função, e caso o usuário queima emular o comportamento de um hardware, pode desativar esta função.
Não entenda a função “lookahead” como algo melhor ou pior. Apesar de fornecer uma detecção antecipada e mais precisa, isso não quer dizer que sonoramente será o resultado mais interessante. Por exemplo, transientes tendem a ficar mais brilhantes com a função lookahead desligada, pois o “atraso” na detecção acaba contribuindo para preservar os picos.
Auto gain e auto release
O C1 possui algumas características conhecidas, porém “disfarçadas” com outro nome. Logo o primeiro botão, onde está escrito “low reference” (fig. 3A), indica que o compressor está configurado para o funcionamento convencional, onde sinais mais altos são atenuados a partir do threshold e espera-se que o usuário faça a compensação desta atenuação usando o controle de ganho. Porém, ao clicar neste botão, o C1 entra no modo “peak reference” (fig. 3B), e neste caso, o ajuste de ganho será feito pelo próprio sistema.
A mesma questão se aplica ao parâmetro PDR (Program dependent release). Para evitar que uma compressão se prolongue demais em sinais com transientes curtos (bateria e percussão por exemplo), o usuário pode utilizar este parâmetro estipular neste campo um valor em milisegundos para estes casos. Podemos entender como uma segunda opção para o release.
Um exemplo: digamos que o release esteja regulado para 100 e o PDR esteja regulado para 10. Isto significado que em ataques curtos (um som de caixa), o release será de 10ms, porém, se o período de compressor for longo (voz), o release será de 100ms.
Conclusão
O C1 é um processor de muitas facetas. O recurso de sidechain por exemplo, foi projeto para ser muito usado de diversas formas e vale a pena um artigo apenas tratando deste assunto. Outros assuntos como a possibilidade de comprimir níveis médios sem afetar os sinais mais altos e mais baixos, equalização dinâmica e opções para trazer nitidez em passagens de pouco volume serão abordados nas próximas edições.
Abraços,