Waves HComp – Talvez o mundo não precise de mais um emulador…

Artigo publicado na Revista Áudio, Música & Tecnologia. Para conhecer mais sobre a revista, clique aqui.

Para saber mais sobre treinamentos e certificações oficiais em Waves, Pro Tools e mixagem, clique aqui.


Nos últimos anos, vimos um verdadeiro dilúvio plug-ins com a proposta de emular de equipamentos analógicos entrando no mercado. Compressores, equalizadores, preamps e consoles. O conceito e o marketing foi tão explorado que até reverberadores (digitais!) foram emulados. Parecia que simplesmente ser uma unidade física (hardware), já elevava o status do equipamento.

Depois que “todo mundo emulava todo mundo”, a discussão começou a ser “o meu emula melhor que o seu”.

No meio deste avanço tecnológico, que misturado com marketing gerava contradições, expectativas, surpresas maravilhosas, falsas promessas dignas de processo, a Waves lançou um HComp, com a proposta de oferecer algo diferente numa época em que a maioria das empresas só pensava em “o que vamos emular agora”.

“H” vem de híbrido e a proposta é simples. Um compressor que aproveita o fato de ser um plug-in para oferecer recursos que não seriam possíveis fora de uma DAW, porém com a possibilidade de “colorir” o sinal, algo esperado num emulador de hardware analógico.

Vamos neste artigo entender mais sobre o HComp da Waves.

Fig. 1 - Parâmetros do HComp

Fig. 1 – Parâmetros do HComp

Parâmetros

Como dito anteriormente, seu alicerce é de um compressor como qualquer outro. Então vamos deixar de lado os partâmetros Threshold, Ratio, Attack e Release.

Analog: Na parte superior esquerda, temos este controle que é a essência do conceito “Híbrido”. A partir dele, o usuário pode escolher entre quatro opções para “colorir” o sinal, que em outras palavras, significa que o sinal será ligeiramente alterado no que se refere ao timbre. Equalização, ênfase de harmônicos, distorção, saturação e até ruído. Todos estes fatores, são em teoria efeitos colaterais de equipamentos analógicos, mas que com o tempo se mostraram interessantes do ponto de vista estético, musical e artístico.

Ou seja, este é o tipo de controle que provavelmente o departamento de marketing gostaria de chamar de “analogizer” ou “vintageitor”!

Repare que este botão também uma posição chamada “off”, ou seja além em oferecer 4 opções para modificar o timbre do sinal, ele também oferecer a opção de não modificar nada, algo que é somente possível no ambiente digital. Mais uma vez fazendo valer a característica híbrida.

Mix: este parâmetro é simplesmente uma maneira muito prática de efetuar a técnica de compressão paralela.

A compressão paralela é uma técnica simples mas muito efetiva, onde um sinal original é misturado com o mesmo sinal, porém severamente comprimido.

Normalmente para isso é necessário duplicar tracks ou fazer mandadas para canais auxiliares, porém com o controle “Mix”, o usuário já tem os dois sinais à disposição bastando ajustar a proporção desejada. Quanto mais para a esquerda, mais sinal original (Dry). Quanto mais para a direita, mais sinal processado pelo compressor (Wet).

Release: apesar de ter mencionado que o Release é um controle convencional dos compressores e teoricamente não seria necessário aborda-lo, o HComp tem um recurso que até onde conheço, é exclusivo.

Ele permite que o release seja regulado de acordo com o BPM de uma música. Não que isso seja revolucionário ou algo do gênero. Muito pelo contrário, é algo é sempre levado em consideração na regulagem de um compressor.

Mas justamente por ser algo que faz parte do nosso dia-a-dia, esta opção é um grande facilitador. Caso a sessão esteja atrelada ao click do DAW, basta selecionar a opção “Host” e controlar apenas se a atuação do release deve ser em colcheia, semicolcheia e assim por diante. No caso da música ter sido gravada com click, mas não esta atrelada ao grid do DAW, utilize a opção BPM e digite o BPM.

Se não gostou da idéia, tudo bem, afinal, ele é híbrido certo?

A opção “ms” faz que com que o controle funcione de forma convencional, utilizando millisegundos como unidade de medida.

Punch: muito próximo ao controle de attack, temos esta opção que tem a função de tentar recuperar um pouco dos transientes quando se aplica um valor de compressão elevado e attack rápido.

Não é a toa que ele está ao lado do attack, pois na verdade um interage com o outro.

O “punch” ou “pegada”, está diretamente relacionado ao transiente (pico inicial do sinal). Quando um attack é regulado para atuar de forma muito rápida, o efeito colateral é uma atenuação destes transientes. Para instrumentos percussivos, tal efeito normalmente não é bem vindo.

Então o controle punch funciona como uma “margem” do attack. Ou seja, mesmo que o usuário coloque o attack no valor mínimo (0.5ms), através do controle Punch é possível permitir que os transientes sejam ignorados (e não comprimidos), preservando assim a pegada e/ou punch do sinal.

Visualizando a função punch

As figuras 2, 3 e 4 mostram um pouco mais desta característica.

fig. 2 - Onda sonora comparando attack e punch

fig. 2 – Onda sonora comparando attack e punch

Fig. 3 - Attack no mínimo sem punch

Fig. 3 – Attack no mínimo sem punch

Fig. 4 - Attack no mínimo, com punch

Fig. 4 – Attack no mínimo, com punch

A figura 2 contém 3 pistas. A primeira contém o sinal original e a segunda contém o sinal com attack curto. Repare como os picos sonoros foram perdidos. A configuração utilizada para este resultado é a figura 3.

Já na terceira pista, apesar do attack continuar curto, o uso do controle punch manteve o transiente. A configuração utilizada para este resultado é a figura 4.

Botões e funções secundárias

Ajuste automático de ganho: HComp já vem configurado desta maneira. Isto significa que, conforme o sinal vai sendo comprimido (e atenuado por consequência), o sinal de saída é amplificado de modo a ajustar a perda de ganho. É algo que muitas vezes se passa desapercebido mas essencial que seja feito (manualmente pelo usuário ou automaticamente como no caso do HComp) para que uma comparação “justa” do sinal original e o processado seja feita utilizando o botão de Bypass.

Limiter: na parte superior há o botão “limiter”, que garante ao usuário que não haverá clipping (distorção digital), mesmo com valores elevados.

Conclusão

O HComp é muito sério e ouso a dizer… seria um campeão de vendas num mundo sem pirataria. De fato, é uma das minhas principais indicações quando alguém está em busca de equipar seu estúdio sem softwares ilegais. O preço dele é muito justo e acessível, levando-se em consideração que outros compressores da Waves podem custar até o dobro e oferecem menos possibilidades do que o HComp.

Por mais bonito que seja mostrar para um cliente sua grife de emuladores de Neve, LA2A, 1176, SSL, API entre outros, o mesmo resultado prático é perfeitamente atingido com o HComp.

Recomendo que experimentem em tudo que for percussivo como ponto de partida. Não apenas bateria e percussão, mas qualquer guitarra, baixo, piano que esteja fazendo uma função percussiva na música.

Abraços,


cris3x4 blog proclass

 Cristiano Moura é produtor musical e instrutor certificado da Avid. Atualmente leciona cursos oficiais em Pro Tools, Waves, Sibelius e os treinamentos em mixagem na ProClass. Por meio da ProClass, oferece consultoria, treinamentos customizados em todo o Brasil.