Greg Wells Plug-ins

Artigo publicado na Revista Áudio, Música & Tecnologia. Para conhecer mais sobre a revista, clique aqui.

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PianoCentric e VoiceCentric

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A Waves já tem um bom histórico na produção de plug-ins em parceria com grandes engenheiros de som e produtores musicais. Em colunas passadas já falamos da série Chris Lorde-Alge, Eddie Kramer, Manny Marroquin, Jack Joseph Puig entre outros. Se você perdeu, não deixe de conferir as revistas antigas de forma gratuita no site da Audio Música e Tecnologia.

Desta vez, vamos ver dois plug-ins criado em parceria com Greg Wells, um para voz e outro para piano.

Conceito: “Garbage in, Garbage out”

Esta frase é muito usada no exterior, que em uma tradução livre significa que, se entrar lixo, vai sair lixo.

É um conceito que vale a pena esclarecer antes de tomar a decisão de usar qualquer um destes plug-ins que são pre-programados.

Nenhum deles serve para consertar algo mal gravado e não podem ser vistos como “salvadores da pátria” que uma das características é não tem valores radicais. Pelo contrário, podem até piorar.

Enfim, para uma gravação ruim, continua sendo melhor gravar de novo. Se não é possível uma nova gravação, você vai precisar de processadores que permitam mais flexibilidade e valores mais exagerados como os equalizadores paramétricos tradicionais.

Test drive do PianoCentric

Como o próprio nome diz, é voltado para piano, que é um instrumento muito traiçoeiro para encaixar numa mixagem de pop, rock, onde ele geralmente não é o elemento principal e tem que dividir espaço com guitarras e violões.

Ele é rico em harmônicos, ressonância, trabalha em toda faixa de frequências e se seu pianista gosta do pedal de sustain, multiplique por 10 a dificuldade.

Por outro lado, em arranjos onde o piano tem papel importante como em baladas pop, música instrumental etc, acontece o inverso. Muitas vezes ele não tem “tamanho” suficiente para cumprir o papel, principalmente se estivermos usando instrumentos virtuais no lugar de um piano acústico microfonado, que seria o mais adequado para a função.

É ai que entra o PianoCentric. Com um único botão central, o usuário consegue regular o “tamanho” que este piano ocupa na mix.

Este único botão está interagindo com compressores e equalizadores.

Nos valores iniciais, você tem um piano magro, sem muita presença e em mono, que pode ser exatamente o que você procura numa mixagem de pop onde ele divide o mesmo espaço com baixo, guitarra e violão.

A partir da metade, frequências baixas e altas muito bem escolhidas começam a aparecer, compressores começam a estabilizar as flutuações de dinâmica e você começa a ouvir ele atuando no campo estereofônico. Mesmo com ele no máximo, você ainda tem um som interessante, principalmente se em formações pequenas, com dois ou três instrumentos.

Experimentei tanto em uma gravação de piano quanto com instrumento virtual, onde utilizei o piano gratuito que vem com o Pro Tools, Mini Grand, que não chega a ser ruim, mas não compete com instrumentos virtuais dedicados como o Plug-in Alicia’s Keys da Native Instrumentos ou o Ivory, da Synthogy.

A impressão foi das melhores. Eu realmente gostaria de ter este plug-in à disposição em outros momentos da minha vida, e tenho a sensação que usaria em cada uma das faixas que mixei.

Sobre os efeitos, temos um setor de delay que não tem nada de bobo. Ele é saturado levemente e tem um pouco de phaser, que é muito bem vindo principalmente para música pop e rock.

Complementando o plug-in, temos o doubler, que é funciona mais como um chorus. Novamente, os parâmetros foram muito bem escolhidos e se encaixa com praticamente qualquer estilo musical.

VoiceCentric: tudo, menos timbre

O VoiceCentric mexe menos ainda no timbre. A equalização é muito sutil, então a primeira coisa que recomendaria é equalizar antes a voz e colocar o VoiceCentric só slot seguinte de inserts.

Seu botão principal (intensity) cuida basicamente da compressão, algo que é muito comum ver iniciantes com dificuldades. A vantagem é ser um controle único, que vai ajustando Threshold e Ratio não de um, mas de dois compressores, e ao mesmo tempo. Um Equalizador também vai atuando limpando um pouco os graves conforme o usuário começa a exagerar nos controles.

Dá para colocar no limite, e ainda assim, não comprometer o timbre.

Na parte de efeitos, temos o Delay, que tem um timbre muito particular… ele funciona em estéreo, soltando repetições no lado esquerdo e direito. Também é bem saturado mas não chega a soar “sujo” na mixagem, tem um passa baixa que corta as altas frequências a cada repetição, emulando um delay de fita. É um timbre que “gruda” bem na voz, sem sobras.

Eu sinceramente vejo este delay sendo utilizado em muitos outros instrumentos, pois dá aquela sensação de espaço sem consumir tanto espaço na mix.

O Doubler é um efeito bem simples, mas que ganha pela praticidade. Normalmente optamos por gravar instrumentos duas vezes, e não exatamente dobra-los artificialmente. Mas quando esta é a única solução, o Doubler do VoiceCentric vai funcionar muito bem, pois tem diversos processamentos acontecendo. Atrasos, afinação e deslocamento entre o L e R acontecem de forma diferente. Se quiser caprichar mesmo, o ideal é fazer automações aleatorias neste parâmetro para ter uma dobra convincente.

A reverberação é bem simples e vale para quem tem pressa ou pouca experiência. Nos valores iniciais é um reverb meio cheio como um Hall mas conforme o usuário avança com o controle, a quantidade e tamanho da reverberação aumenta, mas o reverb fica mais brilhante como um Plate e com pouca densidade. É uma tática muito usada em mixagens onde a música já tem muitos elementos competindo entre si.

Conclusão

Principalmente o PianoCentric, vale muito a pena. Eu não sei nem contabilizar quantas tentativas frustradas eu precisava (e ainda preciso fazer) fazer para achar o “local” o piano em uma mixagem.

Já o VoiceCentric, eu vejo como um grande aliado dos iniciantes, mas não há nada que alguém com alguma experiência não possa fazer com processadores convencionais.

Ele vale pela praticidade/conveniência, ou seja, se eu estiver em um estúdio que o VoiceCentric esteja instalado, provavelmente eu usaria, principalmente a parte da compressão e dobra, pois são coisas que são “chatas” de montar as mandadas, dobrar pistas e achar os valores ideais. Isto por que você não tem nada a perder em inserir o plugin e rodar um botão para ver se é o que você está procurando

Abraços e até a próxima!

cris3x4 blog proclass Cristiano Moura é instrutor certificado oficialmente pela Avid para lecionar cursos de nível 100, 200 e 300 em Pro Tools. Por meio da ProClass,  oferece consultoria, treinamentos customizados além de cursos oficiais em Pro Tools, Mixagem e Masterização.