Conversando com outros softwares

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Como levar e receber projetos do Logic, Cubase e editores de vídeo

Existem muitos motivos pelos quais o Pro Tools se tornou um padrão de mercado.

Um deles, é por conta da compatibilidade entre estúdios, produtoras e músicos que gravam no seu próprio homestudio.

Porém, e se um produtor quiser gravar e editar em um estúdio de grande porte com Pro Tools, para usufruir de diversos microfones e preamps, mas quer mixar em casa, usando Logic Pro?

Outra questão: e se você gosta de editar vídeos, como faria para levar todas as suas pistas de áudio para o Pro Tools para fazer uma boa sonorização e tratamento de áudio?

Estes são apenas dois, dos muitos casos em que será necessário que você domine as possibilidades e recursos da transferência de projetos entre softwares, e é isso que vamos estudar neste artigo!

Entendendo o processo, para entender as necessidades

Vamos separar os estágios básicos de uma produção em três partes: gravação, edição e mixagem.

É importante então, primeiro definir em que estágio você está e o que precisa ser transferido.

Outro fator a ser considerado são as especificações dos arquivos de áudio. São três características que você precisa ter consciência: tipo de arquivo (File Type), taxa de amostragem (Sample Rate) e quantização (Bit Depth).

É importante confirmar se os dois softwares são capazes de trabalhar com as mesmas especificações. Caso contrário, será necessário converter os arquivos.

Transferindo apenas arquivos de áudio

Se você apenas na fase da gravação, o processo é bem simples, pois você usou pouquíssimos recursos do seu software e apenas precisa transferir os arquivos de áudio.

Mas basta ir na pasta de áudio, copiar o material e importar em outro software? Nem sempre.

Na maioria dos casos, o músico não executou tudo em apenas um take. Geralmente fazemos a gravação em “emendas” (overdubs), que é a opção de manter um trecho da gravação que ficou bom, mas regravar outro que ficou ruim (fig. 1).

Fig. 1 – Gravação com cortes

Isso gera um problema, pois os arquivos vão ter início diferente. Então eles precisam ser importados, porém mantendo seus pontos de sincronismo mantidos.

Então uma estratégia válida neste caso é unificar todos os cortes em um único áudio. Para isso, usamos um processo chamado de Consolidate (fig. 2) no Pro Tools ou Bounce em outros softwares (fig. 3).

Fig. 2 – Consolidate Clip

Fig. 3 – Cubase Bounce Selection

O ideal então é que todos os arquivos estejam unificados e iniciando exatamente na mesma hora. Veja bem, mesmo que uma pista tenha áudio apenas no meio da sessão, é importante fazer um consolidate com o mesmo início das outras pistas, mesmo que seja preenchendo com silêncio. (fig. 4)

Fig. 4 – Clips consolidados e iniciando na mesma posição

Estes arquivos consolidados podem agora ser facilmente exportados do Pro Tools através do comando Export Clips as Files, localizado no Pop-up Menu da Clip List (fig. 5).

Fig. 5 – Export Select Clips as Files

Feito isso, basta criar uma sessão no seu software de preferência e importar os arquivos.

Simples, rápido e efetivo.

Mas é perfeito? Certamente não, pois você não tem mais acesso aos cortes nem aos fades criados. Se tiver qualquer ruído nas emendas, ou mesmo se for necessário refinar um pouco o áudio com o trim tool, não será possível.

Então, vamos aprender outro método agora.

Transferência de áudio, mantendo cortes e posições de clips

Consolidar nem sempre é a melhor solução, principalmente quando temos muitas pistas, cortes e não tivemos tempo de conferir corte a corte em busca do melhor ponto de emenda.

Felizmente, existe um formato de transferência de projetos que preserva posições e cortes, chamado de OMF.

O Pro Tools é capaz de importar ou exportar OMF, e fica então agora por sua conta pesquisar se seu outro software também tem as mesmas capacidades.

Um cuidado especial na geração do OMF é que existem dois sistemas: o arquivo com as informações + arquivos de áudio separados em uma pasta, ou um arquivo único, com todas as informações e arquivos de áudio embutidos (embedded).

Apesar do segundo método parecer mais prático, costuma a dar mais defeito… então por precaução, prefira sempre a opção do arquivo OMF separado dos arquivos de áudio.

Você pode encontrar esta opção no Pro Tools pelo menu File > Export > Selected Tracks as New AAF/OMF. (fig. 6):

Fig. 6 – Caixa de diálogo de configuração de AAF e OMF

Editores de vídeo para o Pro Tools

Editores de vídeo também utilizam a exportação via OMF para enviar suas pistas de áudio para os sonoplastas/editores de som trabalharem em cima no Pro Tools. Como dito antes, manter cortes, fades e posição dos clips é bem importante para dar flexibilidade ao sonoplasta.

Mas você como responsável pela produção sonora, pode pedir para editores que utilizam Avid Media Composer (fig. 7) e Adobe Premiere (fig. 8) o envio de um arquivo AAF, que não é nada mais do que uma “evolução do OMF”.

Fig. 7 – Avid Media Composer

Fig. 8 – Adobe Premiere

Com este formato, muito mais informação é transferida, principalmente se o editor de vídeo estiver utilizando o Avid Media Composer, que também é do mesmo fabricante do Pro Tools.

Através deste método, o sonoplasta também receberá informação de clip gain, efeitos AAX utilizados nas pistas, automação, markers e muito mais.

Também permite criar gerar uma pista com clips vazios contendo todos os cortes da edição de vídeo. Conseguir localizar facilmente os cortes de uma cena, é uma vantagem enorme para o editor de som para vídeo.

Iniciando uma mix em um software e concluindo em outro

Vale ressaltar, que ainda não há nenhuma maneira de manter a compatibilidade de plug-ins entre aplicativos como Pro Tools, Logic Pro X e Cubase por exemplo.

Então iniciar uma mix em um software e concluir em outro é ainda uma péssima idéia. Você vai precisar anotar tudo que fez nos plug-ins no software de origem, e refazer no software de destino.

Talvez este seja um dos principais motivos pelo qual o Pro Tools acabou sendo adotado, mesmo por pessoas que nem gostam tanto assim do software.

Então como pudemos observamos, temos algumas opções bem interessantes, mas não podemos ignorar o fato de que são apenas paliativos com alguns lados negativos dependendo do caso.

Acredito que todo profissional atuante no mercado, pode (e deve) produzir na sua ferramenta de preferência, mas ao mesmo tempo, também é recomendável ter um sistema Pro Tools a disposição e uma boa desenvoltura com o software. Sem isso, você corre o sério risco de perder um trabalho simplesmente porque o cliente iniciou o trabalho no Pro Tools e não quer lidar com os contratempos da transferência de arquivos mencionados acima.

Abraços e até a próxima!

cris3x4 blog proclassCristiano Moura é produtor musical e instrutor certificado da Avid. Atualmente leciona cursos oficiais em Pro Tools, Waves, Sibelius e os treinamentos em mixagem na ProClass. Por meio da ProClass, oferece consultoria, treinamentos customizados em todo o Brasil.