Abbey Road Reverb Plates

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Não é um reverb, mas “o reverb”

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Muito se fala sobre conseguir um som “natural”, seja com microfonação e mixagem em geral, mas curiosamente, quando o assunto é reverberação tudo muda.

Os reveberadores de placa (plates), moldaram a indústria fonográfica de uma maneira sem precedentes, seja com unidades físicas ou com reverberadores digitais como o Lexicon 480/960L, que emulavam de forma bem convincente as mesmas características.

No final dos anos 50, o estúdio Abbey Road adquiriu da empresa alemã EMT quatro unidades dos reverberados EMT 140. E estes, moldaram o som da grande maioria de baterias, guitarras, vocais e tudo mais, das músicas e artistas que com certeza fazem parte da sua vida.

Estes reverberadores continuam em funcionamento e a Waves não brincou em serviço. Lançou recentemente a emulação destas quatro unidades que merecem sua atenção. Neste artigo, vamos ver mais detalhes sobre este plug-in a seguir.

Um pouco mais sobre reverberadores de placa

Não precisamos entrar demais na parte técnica, mas entender o mínimo sobre a construção destes reverberadores ajuda a entender suas características sonoras.

O coração do sistema é uma grande placa de metal (em torno de 2,30m por 1,20m) e nada leve (em torno de 270kg).

Esta placa é suspensa em uma armação, e um driver acoplado emite o som vindo de uma alguma fonte sonora. Isso faz a placa vibrar e ressoar de forma a emular a reverberação.

Para conter a duração destas vibrações, existem os “dampers”, que são peças que encostam na placa. Dependendo do nível de pressão, a vibração será mais ou menos duradoura.

Estas características, proporcionam uma reverberação com timbre mais “aberto”, diferente de um hall ou room. Aos poucos, a indústria fonográfica foi percebendo que apesar de não ser “natural”, era uma sonoridade que combinava muito bem com a maioria dos instrumentos.

Conhecendo o alicerce do plug-in

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Os quatro EMT 140 plate reverbs do estúdio Abbey Road ainda estão em operação, e a Waves foi a responsável por produzir a emulação e criar um plug-in.

O controle “Plate Selector”, como o próprio nome diz, representa as quatro unidades dos estúdios, e não se surpreenda se você acabar adotando apenas um ou dois e deixar os outros de lado. Eles não apenas soam diferente como também interagem com os parâmetros de forma diferente, e assim que você encontrar o “seu timbre”, dificilmente vai querer se arriscar com os outros.

O parâmetro “Damper”, é responsável pelo tempo de reverberação, que você deve conhecer muito bem, apesar de outros processadores usarem termos diferentes como “decay”, “decay time”, ou “reverb time”.

Porém neste caso, note que você tem “níveis de damping”, mas que nada tem a ver com milissegundos.

Mais a direita, temos controles de Pre Delay (desta vez sim, em millissegundos), que determina o tempo antes da reverberação iniciar.

Por último, o controle Dry/Wet também é essencial, que exatamente como nos outros processadores, serve para o usuário dosar a quantidade do sinal original com o sinal reveberado, quando usado no insert de um canal.

Caso esteja usando em paralelo via send/return de efeitos, basta deixar em 100% e dosar individualmente pelos sends da mesa.

Outros parâmetros

Alguns controles destacam este reverberador, e vale a pena conhecer bem, até porque o plug-in consome bastante recursos da sua CPU, portanto tenho certeza de que você quer explorar o máximo dele.

À direita, temos o controle de “drive”, que controla a distorção harmônica do reverberador. Está é o tipo de característica única, que diferencia cada equipamento analógico, seja um compressor, um preamplificador, ou no caso, cada uma das unidades de reverberação emuladas pela Waves.

Temos também uma seção de equalização, mas que funcionam de forma distinta. O controle “Bass”, é um filtro de corte que está inserido logo no início da cadeira de sinal. Isto permite enviar ao reverberador somente informações de frequência média e alta, que é uma técnica comum, que ajuda a “limpar” a mixagem. Controlar a quantidade de frequências baixas que seguem para o reverberador, permite gerar uma reverberação presente, porém que não ocupa tanto espaço na mix.

Já o controle “Treble” é um filtro adicionado no final da cadeia. Ou seja, ele serve para dar um toque final à reverberação.

Acima do plate selector, temos o botão Crosstalk, que serve para que, em um sinal estéreo, o lado esquerdo seja também enviando para o lado direito, e vice versa.

Por último, temos o controle “Analog”, que diferente do que pode parecer, não tem nada a ver como “deixar mais analógico” ou algo do gênero.

A Waves tem o costume de emular também os “defeitos” dos equipamentos, como ruídos, mas estes, ficam em um controle separado, no nosso caso, o controle “Analog”. É o tipo de coisa que é legal saber que está lá, mas raramente você vai querer adicionar ruído ao sinal.

Experimentando e testando

O plug-in é excelente e realmente vale a pena cada um experimentar com seu material.

Existem algumas dicas que podem ajudar a testar sem ficar rodando os botões de forma totalmente aleatória.

A primeira coisa a fazer é tentar ouvir a diferença entre os plates. Para isso, experimente usar em algum elemento percussivo primeiro. É mais fácil de ouvir a sonoridade e entender o que esperar de cada um deles.

Também recomendo usar no insert, com o botão dry/wet em 100%. Isto garante que você está apenas ouvindo o reverberador, sem correr o risco de se distrair com o sinal original.

Também use valores altos no damping, que vai ajudar a sentir a diferença na sonoridade, e repare que cada plate, responde forma diferente, mesmo utilizando valores idênticos de damping.

Procure perceber quem tem sonoridade mais aberta, fechada, qual dura mais tempo e qual parece mais “pesado” nas baixas frequências.

Depois de analisar os plates, começe a acrescentar os equalizadores no processamento, mas não se esqueça, o Bass processa o sinal logo no input, e o treble, processa o sinal antes de ir para o output.

Principalmente o “Bass”, vai fazer muita diferença no espaço que este reverb vai ocupar na sua mix. Para compreender melhor, neste caso não vale a pena ouvir e experimentar com uma pista em solo. É melhor desta vez ouvir o reverberador em contexto com todos os elementos da música.

Espero que vocês tenham gostado tanto quanto eu. Vamos ficando por aqui, e até a próxima!

Abraços,

cris3x4 blog proclass Cristiano Moura é instrutor certificado oficialmente pela Avid para lecionar cursos de nível 100, 200 e 300 em Pro Tools. Por meio da ProClass,  oferece consultoria, treinamentos customizados além de cursos oficiais em Pro Tools, Mixagem e Masterização.